Prólogo

809 92 27
                                    

— Você está bêbado, JungKook?! — O grito do meu pai faz minha cabeça latejar. 

— Filho, sente-se aqui. — Minha mãe me conduz até o sofá e desmonto em cima dele. — Minsik, fique calmo. Nosso filho tem dezoito anos, é sempre assim o primeiro porre. 

— Deixe de falar besteiras, Amber. Não criei filho para ser irresponsável. Ele está indo para as Forças Armadas, precisa ter a cabeça no lugar. 

— Pai, nem estou tão bêbado assim, foi apenas uma festinha entre amigos. 

— E é sobre essa festinha que quero saber.

Pela primeira vez vejo meu pai dar um empurrão mais forte em minha mãe na minha frente, tirando-a de perto de mim, e em seguida segura meu queixo com força. 

Encaro seus olhos. 

— Quem é aquele cara que te abraçou aqui na porta? 

— Meu amigo Parker, por quê? — Por dentro eu tremia por ele ter visto. 

— Não quero esse tipo de conduta em você. Já tivemos essa conversa inúmeras vezes com relação a isso e por Deus, odeio ser repetitivo. O que eu falei com você, JungKook? REPITA! — O tapa em meu rosto ardeu assim como o choro que prendi. 

Iria ser morto se chorasse na frente do velho Minsik, ele nunca permitia. 

— Nada de amizades íntimas entre homens. Nada de abraços, carinhos, nada. Homem é apenas aperto de mão e no mais um tapa nas costas. Beijos e carícias apenas com mulheres. 

— Pois bem, você se lembra de cada palavra. 

— Sim, o senhor sempre me repetiu isso desde que passei a entender as coisas. 

— Exatamente, assim não vira um perdido. Hoje em dia, cada vez mais, vejo essa gente no meio de nós e no lugar para onde você vai, o cuidado é redobrado. 

— Minsik, pelo amor de Deus, deixe nosso filho em paz, ele já sabe de tudo isso. — A raiva no olhar direcionada a minha mãe me fez engolir com dificuldade. 

— Não se meta onde não é chamada. Meu filho, eu ensino. JungKook foi criado para servir ao seu país, ser um homem de valor. HOMEM! É isso que eu quero que ele seja. Quando for a hora, vai nos apresentar uma bela mulher que vai seguir suas ordens e nos dar netos. Se Deus quiser, todos machos. — Sua atenção voltou para mim depois de deixar minha mãe calada e de cabeça baixa. A vida toda foi assim. Amber não tinha forças nem por ela e nem por mim. — Mas o porre também não foi certo, aprenda a beber de forma consciente. Não quero que beba em suas folgas e pegue qualquer vadia pela rua e a engravide. Mulher esperta tem aos montes. 

Enfim, quando ele soltou meu queixo, o sentia dolorido e até a lerdeza do álcool em minha mente tinha passado um pouco. 

— Daqui a dois dias vai para o seu batalhão. Está entrando com uma responsabilidade muito grande por ser meu filho. Sua criação vai ser posta à prova e consequentemente, eu. Não me decepcione. Não quero mais que dirija a palavra ao seu amiguinho Parker. Nem quero mais ouvir esse nome, assim como dos outros, um bando de desocupados que só gostam de farra. Não servem nem para serem amigos. Só te levarão para o mau caminho. 

— Posso ir para o meu quarto? 

— Pode. Tome um banho, tire essa cara de acabado e venha comer algo antes de dormir. Sua mãe irá fazer um bom chá para não acordar de ressaca. E lembre-se, JungKook, nunca mais quero ver um homem te abraçando daquela forma. Ou não irei apenas conversar com você. 

Caminhei até o quarto e depois de fechar a porta, me encostei nela e respirei fundo. 

Ao fechar meus olhos, flashs da festa em que estava invadiram minha mente. 

Os risos, as conversas bobas, mas que me faziam tão bem. 

A vodca perfeita que descia queimando e me deixando aceso. 

O som alto que fazia meu peito vibrar. 

Foram tão poucas às vezes em que eu pude viver de fato o que qualquer garoto da minha idade gostaria de fazer. 

Minha vida sempre foi cheia de regras e com a obrigação de ser o filho perfeito que viveria o sonho do seu pai. 

Ser filho de um ex-fuzileiro americano não era fácil, era viver sobre ordens, ser criado a ferro e fogo, sem nem poder deslizar por um momento sequer. 

Das poucas vezes que fiz coisas que ele nem poderia sonhar, foi escondido. 

Nem minha mãe eu envolvia, a não ser se eu quisesse que ela apanhasse. 

Meu pai sempre foi autoritário e tratava a gente sob suas ordens, tudo tinha que ser como ele determinava. 

Passo as mãos pelo meu rosto e ainda de olhos fechados consigo sentir a boca de Parker quando ele me chupou, escondido de todos, no banheiro da casa do Bill, onde ocorria a festa. 

Foi a chupada perfeita e nem foi a primeira que eu tinha recebido na vida. 

A primeira foi aos 15 anos num acampamento que fui pelo internato. 

Meu amigo Carl ficou junto comigo quando me separei do grupo e fomos parar em uma caverna. 

Eu o achava lindo, cabelos loiros, olhos bem verdes e a pele dourada. 

Ele não estava indiferente a mim, seus olhares me chamavam. 

Foi neste dia que beijei um garoto pela primeira vez. 

Porra!! 

Foi um beijo quente e cheio de mãos. 

Terminamos os dois com as calças arriadas e eu o chupei, fazendo Carl gemer dentro daquela caverna. 

Suas bochechas ficaram vermelhas e ele mais lindo. 

Depois invertemos e foi a vez dele me chupar. 

Diferente de mim, Carl quis que eu gozasse em sua boca e me lembro de sorrir feito criança quando ganhava presente. 

Sofri quando ele foi transferido, pois a gente aprontou muito depois desse passeio e só hoje, com Parker, que outro cara tocou em mim. 

Não sei se podia colocar a culpa no álcool, mas eu sabia no fundo que não, eu queria muito, eu gostava da ideia de ter um homem me tocando e a gente já vinha trocando olhares sempre que dava pra galera estar junto. 

Porém, sabia também que era errado e que se meu pai sequer desconfiasse, ele me mataria e depois mataria minha mãe que iria defender o filho e não podia suportar essa ideia. 

Me obriguei a ir para o banheiro, me xingando por dentro por ter deixado Parker me abraçar. 

Não achei que estaria sendo vigiado, não vi meu pai em nenhuma das nossas janelas de casa. 

Mas para o meu azar, ele estava na garagem e viu o meu amigo se despedir de mim com um pouco mais de carinho que o normal. 

A partir de agora minha vida seria as Forças Armadas, foi o futuro que meu pai escolheu pra mim. 

Não vou mentir e dizer que não gostava, cresci nesse meio e era completamente apaixonado por armas. 

Agora era hora de abandonar algumas coisas, sentimentos que eu não podia sentir, que envergonhariam minha família e acabariam com a minha carreira. 

Precisava ser o homem que meu pai queria. 

E homem não tocava outro homem intimamente, isso era apenas com mulheres. 

Tudo que fiz agora ficaria para trás. 

Pra sempre.

Special Squad - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora