Era uma tola. O abandono da mulher não lhe ensinou nada, ou não teria tocado em Meredith.
Sentada na escrivaninha, o sol nascendo atrás dela, Addison bateu nas teclas, fazendo uma porção de erros, até desistir, empurrando o teclado.
Recostando-se na cadeira de couro, fechou os olhos, e quase pode sentir a maciez daquele corpo que tanto desejava tocar.
"Que homem ou mulher não desejaria fazê-lo?" pensou.
O corpo de Meredith era curvilíneo, e ela tinha um jeito de andar que quase a enlouquecia. Ela sacudiu a cabeça. Seria mais difícil do que tinha pensado, e sabia que a lembrança de tocá-la seria tão torturante quanto à própria ação.
Ela é a babá, droga! Foi contratada para ajudá-la!
Levantando-se, foi até a janela.
"Que Deus me ajude" pensou a ruiva. Meredith era o sonho de qualquer homem ou mulher. E estaria ali por muito tempo, provocando-a.
Atrás dela, o e-mail soava, o fax gemia, e Addison ignorava tudo, os olhos presos à faixa de areia lá embaixo.
Havia pegadas no solo úmido, e imediatamente soube que eram de Meredith.
Será que levaria Melaine para longos passeios, à procura de conchas? Será que Melaine gostaria dali? E do quarto, dos brinquedos? Ou ficaria assustada, com medo? As perguntas surgiam-lhe na mente, e teve que admitir que não sabia nada sobre a filha de quatro anos. Mas Melaine era tudo que tinha no mundo, e faria o possível para que nada lhe faltasse.
"Exceto você mesma" disse uma voz interior, e a culpa dominou-a.
E se nada daquilo fosse suficiente, e traumatizasse a menina? Era tão pequena, tão inocente.
No momento, não tinha dúvidas de que Meredith cuidaria de tudo. Era encantadora, mesmo com aquela língua afiada, e suspeitava que Melaine
acabasse se divertindo, depois de ter passado de um amigo para outro, após o acidente.Tanto ela quanto Ashley não tinham família. Soubera da morte da mulher por um policial, e cinco dias depois um advogado, executor do testamento de Ashley, a informou da existência da filha. Com a permissão dela, Katherine Davenport tirou Melaine do abrigo do Serviço Social, e tomou providências para arranjar uma babá, e trazer a menina para a ilha.
Foi tudo tão frio, formal.
Ashley escondeu a criança até a tragédia acontecer. Mas ela teve tempo suficiente para pensar na mulher que havia conhecido num baile de caridade, e com quem se casou, sete anos atrás.
Ashley era linda, como uma boneca de porcelana, embora durante o casamento tivesse ficado cada vez mais egoísta e exigente, gostando muito mais do estilo de vida que tinham do que Addison. Agora, percebia que Ashley gostava das empregadas e cozinheiros, e que quanto mais lhe dava, mais queria. Até que Ashley desejara ter filhos, parar de viajar o tempo todo. Ela havia discutido e reclamado, até Addison ceder. Devia ter engravidado no segundo procedimento de inseminação, na véspera do acidente. Apesar disso, quando o acidente privou Addison da beleza que a atraíu, Ashley a abandonou. Não a culpava por tê-lo feito. Ela era frágil, imatura, e Addison não era mais a mesma mulher. Nem por fora, nem por dentro. Tentava imaginar o que Ashley disse à Melaine sobre ela, mas logo desistiu.
Não fazia diferença.
Suspirando, voltou a trabalhar no computador, até que uma voz suave soou no interfone.
ㅡ Muito trabalho, sem comer, deixa a Sra. Montgomery de mau humor.
Addison sacudiu a cabeça, com um meio sorriso. Apertando o botão do interfone, perguntou:
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A Bela e a Fera - Meddison
RomanceEla se apaixonou por uma mulher cujo rosto não podia ver... Meredith Grey foi contratada para trabalhar como babá da filha de Addison Montgomery. Os rumores sobre aquela mulher que vivia em reclusão não assustavam, Meredith... Sua experiência como v...