Capítulo 8

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Addison ouviu o caminhão, a campainha da porta, e se perguntou o por que de o entregador não deixar os pacotes na escada, como de costume. E então, entendeu.

Meredith.

Os boatos deviam correr depressa na cidade, e todos estavam curiosos para ver a bela mulher que estava no castelo, com a "fera medonha que se escondia na escuridão" pensou Addison, com um sorriso amargo. Mas Meredith não se importava com admiradores.

Ela mesma disse que os homens e mulheres se interessavam apenas por sua beleza. Até mesmo a mulher a quem amou. A mulher que a enganou, traiu, magoou a ponto de fazê-la abandonar o emprego na embaixada. E que era uma idiota, decidiu Addison, e não merecia uma mulher como Meredith Grey. Ela era carinhosa, generosa, e merecia uma mulher que a apreciasse. Ela viu a humilhação nos lindos olhos azuis, a vergonha e a raiva, que não tinham desaparecido.

Há quanto tempo teria acontecido? Quem seria ela?

Olhando para o pátio, logo abaixo, viu Meredith sentada à mesa de piquenique, observando Melaine brincar e desenhando alguma coisa num bloco. Quando o entregador se aproximou, deixou o bloco de lado e assinou o recibo de entrega, indicando com um gesto os degraus dos fundos, onde poderia deixar os pacotes. Mas o entregador não foi embora. Em vez disso, sentou-se ao lado de Meredith. Bem perto. Fitando-a intensamente.

Addison rangeu os dentes quando ela riu de algo que o rapaz disse, e ofereceu-lhe café da garrafa térmica que estava sobre a mesa.

Será que ele não tinha mais nada para entregar?

Troy apareceu. Addison pensou que a expressão sisuda do amigo seria suficiente para afastar o rapaz. Mas se enganou.

Meredith serviu café a Troy, e embora ele tomasse o café depressa, olhando para o entregador com ar muito sério, o jovem, muito bonito, e no mínimo cinco anos mais jovem do que Meredith, pareceu não perceber. Addison teve vontade de abrir a janela e gritar, dizendo ao sujeito para ir embora. Estava com ciúme. Louca de ciúme, admitiu, passando a mão pela cicatriz do rosto.

Ótimo. Era exatamente o que precisava.

Não parecia fazer diferença o fato e não tinha direito de ter ciúmes de Meredith. Ela não lhe pertencia. Tinha apenas Melaine, e sem Meredith, até mesmo cuidar dela seria difícil. Meredith, Troy, Melaine. Eles eram a família que vivia na casa. Ela era apenas uma sombra. Um eco da mulher que fora um dia

Oh Deus, como a vida dela havia se transformado naquilo?

Nunca pensou em si mesma como uma covarde, e era contra sua natureza agir assim. Só estava se escondendo para poupá-las. Não queria ser fonte de pesadelos para nenhuma delas.

Uma batida soou na porta atrás dela, e Addison desviou o olhar da janela. Sabia que era a empregada, a Sra. Campello pedindo a ela que esperasse um minuto, entrou no hall da escada de serviço e dirigiu-se ao segundo andar. "A empregada não demoraria muito" pensou, enquanto atravessava os corredores, parando entre o quarto de Melaine e o de Meredith. Tinha vontade de entrar no quarto da loira e espiar, mas não seria honesto.

Entrando no quarto de Melaine, recolheu alguns brinquedos e checou a estrutura da cama alta. Logo ouviu risadas novamente e espiou pela janela. Melaine corria em círculos, enquanto a gatinha tentava pegar os laços dos tênis da menina. Agarrando a cortina, amassou o tecido delicado com força. Daria tudo para estar ali, rindo, com a filha, sorrindo para Meredith, sentindo o sol no rosto. De repente, Meredith virou-se, o olhar dirigido exatamente para onde ela estava. Mesmo à distância, ela viu a fúria nos olhos azuis. Por que estava tão zangada? Era ela quem estava flertando com o entregador. O rapaz acompanhou o olhar dela e rapidamente devolveu-lhe a xícara, tocando o boné num gesto de despedida ao partir.

A Bela e a Fera - MeddisonOnde histórias criam vida. Descubra agora