Addison ouviu o caminhão, a campainha da porta, e se perguntou o por que de o entregador não deixar os pacotes na escada, como de costume. E então, entendeu.
Meredith.
Os boatos deviam correr depressa na cidade, e todos estavam curiosos para ver a bela mulher que estava no castelo, com a "fera medonha que se escondia na escuridão" pensou Addison, com um sorriso amargo. Mas Meredith não se importava com admiradores.
Ela mesma disse que os homens e mulheres se interessavam apenas por sua beleza. Até mesmo a mulher a quem amou. A mulher que a enganou, traiu, magoou a ponto de fazê-la abandonar o emprego na embaixada. E que era uma idiota, decidiu Addison, e não merecia uma mulher como Meredith Grey. Ela era carinhosa, generosa, e merecia uma mulher que a apreciasse. Ela viu a humilhação nos lindos olhos azuis, a vergonha e a raiva, que não tinham desaparecido.
Há quanto tempo teria acontecido? Quem seria ela?
Olhando para o pátio, logo abaixo, viu Meredith sentada à mesa de piquenique, observando Melaine brincar e desenhando alguma coisa num bloco. Quando o entregador se aproximou, deixou o bloco de lado e assinou o recibo de entrega, indicando com um gesto os degraus dos fundos, onde poderia deixar os pacotes. Mas o entregador não foi embora. Em vez disso, sentou-se ao lado de Meredith. Bem perto. Fitando-a intensamente.
Addison rangeu os dentes quando ela riu de algo que o rapaz disse, e ofereceu-lhe café da garrafa térmica que estava sobre a mesa.
Será que ele não tinha mais nada para entregar?
Troy apareceu. Addison pensou que a expressão sisuda do amigo seria suficiente para afastar o rapaz. Mas se enganou.
Meredith serviu café a Troy, e embora ele tomasse o café depressa, olhando para o entregador com ar muito sério, o jovem, muito bonito, e no mínimo cinco anos mais jovem do que Meredith, pareceu não perceber. Addison teve vontade de abrir a janela e gritar, dizendo ao sujeito para ir embora. Estava com ciúme. Louca de ciúme, admitiu, passando a mão pela cicatriz do rosto.
Ótimo. Era exatamente o que precisava.
Não parecia fazer diferença o fato e não tinha direito de ter ciúmes de Meredith. Ela não lhe pertencia. Tinha apenas Melaine, e sem Meredith, até mesmo cuidar dela seria difícil. Meredith, Troy, Melaine. Eles eram a família que vivia na casa. Ela era apenas uma sombra. Um eco da mulher que fora um dia
Oh Deus, como a vida dela havia se transformado naquilo?
Nunca pensou em si mesma como uma covarde, e era contra sua natureza agir assim. Só estava se escondendo para poupá-las. Não queria ser fonte de pesadelos para nenhuma delas.
Uma batida soou na porta atrás dela, e Addison desviou o olhar da janela. Sabia que era a empregada, a Sra. Campello pedindo a ela que esperasse um minuto, entrou no hall da escada de serviço e dirigiu-se ao segundo andar. "A empregada não demoraria muito" pensou, enquanto atravessava os corredores, parando entre o quarto de Melaine e o de Meredith. Tinha vontade de entrar no quarto da loira e espiar, mas não seria honesto.
Entrando no quarto de Melaine, recolheu alguns brinquedos e checou a estrutura da cama alta. Logo ouviu risadas novamente e espiou pela janela. Melaine corria em círculos, enquanto a gatinha tentava pegar os laços dos tênis da menina. Agarrando a cortina, amassou o tecido delicado com força. Daria tudo para estar ali, rindo, com a filha, sorrindo para Meredith, sentindo o sol no rosto. De repente, Meredith virou-se, o olhar dirigido exatamente para onde ela estava. Mesmo à distância, ela viu a fúria nos olhos azuis. Por que estava tão zangada? Era ela quem estava flertando com o entregador. O rapaz acompanhou o olhar dela e rapidamente devolveu-lhe a xícara, tocando o boné num gesto de despedida ao partir.
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A Bela e a Fera - Meddison
RomanceEla se apaixonou por uma mulher cujo rosto não podia ver... Meredith Grey foi contratada para trabalhar como babá da filha de Addison Montgomery. Os rumores sobre aquela mulher que vivia em reclusão não assustavam, Meredith... Sua experiência como v...