Capítulo 13

933 135 215
                                    

Parte dela sofria pela mulher gentil e terna, forçada a esconder-se. Pela mulher que desejava poupar sofrimento aos outros, mas sofria sozinha, escondida nas sombras.

Meredith percebeu como gostava de Addison. E teve medo. Tinha sido muito magoada por Dianna, mas reconhecia que Addison era capaz de enxergar além das aparências.

De certo modo eram parecidas. O acidente mudou a vida de Addison por completo, alterando planos e prioridades. E o noivado rompido mudou a sua vida, fazendo-a perceber que podia confiar em poucas pessoas. E que era difícil encontrar alguém que a visse como era realmente, e não apenas sua beleza.

Addison achava que era bonita demais para querer uma mulher como ela. Mas não percebia que ela não enxergava as cicatrizes, não notava como ela procurava esconder que mancava levemente. Ela havia se encantado com a voz na escuridão, com os beijos ardentes que deixavam seu corpo em fogo, com a mulher que conseguiu ver nela a artista escondida. E imaginou como podia ter se apaixonado por uma mulher que não podia confiar nela, nem mesmo o suficiente para mostrar-lhe o rosto.

Em seu quarto, Addison andava de um lado para o outro, como uma fera enjaulada. Além das paredes, a tempestade rugia, e ela sentia cada raio, cada trovão, ecoando em seu corpo. Passando os dedos nos cabelos, ainda molhados do banho, esfregou a nuca dolorida. Queria ir até ela, tocá-la, mesmo sabendo como era perigoso. Para as duas. A noite anterior provou isso. Bastou um toque e todo o autocontrole desapareceu.

Meredith queria o que ela não podia lhe dar: Permitir que outro ser humano, além de Troy, a visse. Ela não entendia o que isso significava. Ela não podia correr o risco.

E se ela a rejeitasse? Como ela se sentiria depois?

Viver nas sombras estava acabando com ela, deixando-a mais infeliz a cada dia. Sentia falta do sol, de entrar numa sala com as luzes acesas.

Sentia falta de Meredith.

***

Addison olhou para a grande porta em arco, percebendo que o vento rugia tão forte nos corredores que parecia querer abri-la. Andando até ela, colocou a mão na maçaneta decorada. Por um momento, viu as cicatrizes na pele e flexionou os dedos. Então, virou a maçaneta e abriu-a.

Meredith estava sentada na poltrona, junto à janela, com as pernas dobradas para o lado. Apenas uma pequena lâmpada brilhava no canto do quarto, e percebeu como se acostumara ao escuro. Um raio caiu bem perto, a luz tremeluziu, apagou e voltou em seguida.

Naquele instante, a loira soube que Addison estava ali. Seu corpo estremeceu de antecipação, e apertando o roupão contra o corpo, virou-se para a porta.

ㅡ Por que está aqui? ㅡ a loira perguntou.

ㅡ Honestamente, não sei.

"Pelo menos é sincera" pensou Meredith.

ㅡ Sente-se. ㅡ convidou.

Ela deu um passo na direção dela e parou.

ㅡ Meu Deus, está gelado aqui dentro. ㅡ disse, indo até a lareira e colocando mais lenha.

ㅡ Não estou com frio.

ㅡ Está úmido. Vai acabar doente e talvez a luz acabe. ㅡ Addison acendeu um fósforo e a pequena chama iluminou suavemente seu rosto.

Meredith viu as marcas no pescoço.

ㅡ Não precisava fazer isso.

ㅡ Eu sei.

ㅡ Saia, Addison.

ㅡ Já está cansada da minha companhia?

ㅡ É claro que não. Mas sei que não é seguro. ㅡ ela suspirou. ㅡ Você nem imagina o quanto eu desejo que me toque. Mas quero mais além de estar em seus braços. ㅡ confessou, com sinceridade. ㅡ Quero tudo de você.

A Bela e a Fera - MeddisonOnde histórias criam vida. Descubra agora