Desabafo e orgulho.

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— Oi...

Sana ouviu atrás de si.

As madeixas loiras estavam caídas a frente de seu rosto enquanto a mesma permanecia com os cotovelos apoiados no parapeito da varanda de madeira. O lugar era calmo e, felizmente, ficava na parte lateral da casa, o que impedia que ela visse o que estava acontecendo à beira do lago.

Era melhor assim, ao menos para ela.

— Sabe... — Chaeyoung aproximou-se mesmo sem permissão, através da porta de vidro. A de fios rosa parou ao seu lado, apoiou as mãos no parapeito e suspirou pesado. — Desabafar as vezes é a melhor opção. — A verdade é que Chaeyoung havia notado o clima esquisito desde que as duas vizinhas haviam chegado perto da fogueira.

Sana a olhou através dos fios dourados, mais como quem se esconde do que como quem tem curiosidade. A loira não se sentia muito confortável em desabafar, ela só fazia isso com Dahyun. E por falar nela... sentia falta da melhor amiga irritante e barulhenta.

— É complicado. — Foi tudo o que disse.

Chaeyoung assentiu lentamente compreendendo a garota.

— Eu tenho o tempo que precisar. — Sana estranhou nos primeiros segundos. Ela havia conhecido a rosada há... Uma hora? — Antes que me ache uma esquisita, eu consigo notar fácil quando alguém não está bem. E a Mina achou melhor tentar conversar com você. — A outra terminou.

Ela suspirou e ficou em silêncio por alguns segundos.

A loira poderia ignorar e guardar para si tudo o que a incomodava, afinal, era fato que não tinha intimidade com a rosada ao seu lado, mas tudo o que menos ela se importava no momento era se tinha intimidade suficiente com ela ou não, ela só precisava conversar.

Colocar pra fora algumas coisas que a sufocavam desde que havia pisado naquela maldita casa de campo e recebera a notícia que ficaria sozinha com Tzuyu.

— Há quanto tempo vocês namoram? — Sana optou por iniciar a conversa não falando sobre si. Apenas por agora.

Chaeyoung sorriu encarando o mesmo ponto que a loira estava encarando antes.

— Dois anos.

Quanto tempo...

— É muito tempo. Bastante, na verdade. — Sana nunca tinha visto casais juntos durarem tanto tempo, apenas Momo e Dahyun.

Mas aquelas duas eram uma exceção em tudo.

— Eu sinto como se fosse recente, nada mudou desde o primeiro "eu te amo", entende? — Não, ela não entendia. — Mas é engraçado o quanto eu me vejo em você e muito provavelmente a Mina também se vê na Tzuyu.

— Como assim? — Sana uniu as sobrancelhas, confusa.

— A gente se odiava mortalmente. — Por essa a loira não esperava. De repente a conversa ficou até mesmo mais interessante ao olhos dela. — Ela já chegou a me dar um soco depois que eu roubei o coelhinho de estimação dela e fingi um sequestro por três dias.

Sana teve que encarar a rosada depois do que ouviu. Ela nunca chegaria a esse ponto com alguém. Roubar um bichinho pobre e indefeso?

— Posso ser sincera? — A loira indagou e a garota assentiu. Chaeyoung sabia o que ela diria, mas queria ouvir. — Eu também te daria um soco.

A rosada riu.

— Em minha defesa eu cuidei muito bem do bichinho, tudo bem? — A Son levantou as mãos em rendição como quem tenta se livrar de alguma culpa.

Sana riu imaginando a cena.

Ela daria tudo pra ter conhecido as duas namoradas nessa época, apenas para presenciar o soco que a outra havia levado. Se alguém ousasse fazer isso com o seu gato, a Minatozaki era capaz de chamar até mesmo a polícia, os bombeiros, ou o que fosse preciso.

Acaso Prometido || SatzuOnde histórias criam vida. Descubra agora