Cachoeira e olhares indiscretos.

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A garota remexeu-se de forma lenta e preguiçosa na grande e confortável cama, seus olhos logo sentiram o incômodo que alguns raios solares causaram ao adentrar o cômodo por pequenas frestas na cortina.

Encontrava-se torta, até mesmo um pouco desleixada e aquela posição provavelmente causaria algumas dores no decorrer de seu dia, mas ela pensaria nisso depois.

Levantou-se aos poucos, dando tempo para que seus olhos acostumassem com a pouca claridade adentrando ao quarto. Agora, sentada sobre o colchão, Tzuyu olhou para a garota ao seu lado que ainda dormia em seu sono aparentemente sereno. Ela encarou a outra de forma singela, os fios dourados estavam caídos sobre o rosto pálido e a boca encontrava-se entreaberta.

Talvez aquilo fosse algo engraçado, mas a morena, naquele momento, achou o ato mais adorável que já pudera presenciar e se pudesse tiraria uma foto para zoar com a mais baixa durante um tempo.

Tzuyu deixou os devaneios sobre Sana de lado e resolveu ficar de pé para iniciar o dia de forma lenta, assim como fazia todos os dias quando estava em casa.

Nunca foi um exemplo de disposição, ainda mais pela manhã após acordar, mas a sua barriga denunciava a sua fome e ela poderia jurar que a mesma havia falado três línguas diferentes no intervalo de tempo que levou entre a cama e a porta do cômodo.

O assoalho mantinha uma temperatura fria, não estava gelado e nem quente, fazendo-a agradecer mentalmente pelo aquecedor ser eficiente. Desceu as escadas a passos largos e encarou a sala enquanto deixava o mezanino para trás. Passaram-se alguns dias desde que ela havia chegado naquela casa de campo e ainda ficava deslumbrada com a beleza do local, o teto alto e a madeira escura dava um ar charmoso e elegante, e ela gostava daquilo.

Ao chegar a sala, pegou o controle remoto em cima do sofá e ligou a televisão sem escolher qualquer canal em específico, queria apenas algum ruído enquanto preparava o café da manhã na cozinha. Caminhou até o outro cômodo em seguida e foi em direção a geladeira, já tendo em mente o que prepararia.

Tzuyu adorava pão com geleia de amora e pasta de amendoim.

Pegou o pão integral e o deixou no balcão, fazendo o mesmo com os potes dos outros dois ingredientes. Sentou-se no banco em frente ao balcão de mármore e começou a preparar quatro sanduíches enquanto encarava os galhos de algumas árvores através da janela superior ao seu lado. Também prepararia dois sanduíches para a garota dormindo no andar de cima, não tinha certeza se Sana gostava de geleia e pasta de amendoim assim como ela, mas caso não gostasse, guardaria para comer durante a tarde.

Tzuyu perguntava-se internamente o que Momo poderia estar fazendo agora, se estava com Dahyun aproveitando o início da manhã enquanto caminhava na praia, sentindo a areia molhada abaixo dos pés descalços ou se ainda estava dormindo sem previsão de acordar. Sentia falta da amiga, mesmo que a vontade maior fosse de socá-la assim que a visse, Tzuyu admitia que a amiga fazia falta, afinal, era a única pessoa realmente próxima que tinha.

Todavia a morena sabia que não veria a amiga pelos próximos dias, fazendo-a aceitar que estaria de fato na companhia de Sana por ainda mais algum tempo. E por falar na garota, a morena ainda tinha em seus pensamentos os acontecimentos da noite anterior.

Desde o luau, com Chaeryeong no seu encalço e o quase beijo entre elas, até o seu pressentimento em relação a Sana e a feição amedrontada da mesma quando adentrou ao quarto deparando-se com a garota de forma tão frágil.

Minatozaki Sana ainda era uma incógnita para ela, não entendia o porquê de ter sentido tamanha preocupação quando notou a chuva se formar e também quando soube da escapada da loira de volta para casa. Tzuyu sabia que estar ao lado de Sana por tanto tempo causaria dores de cabeça e estresse, mas não imaginava que permanecer dentro da mesma casa que ela, enquanto compartilhavam de um clima ruim, seria ainda pior.

Acaso Prometido || SatzuOnde histórias criam vida. Descubra agora