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Capítulo 6: O Cerco Mágico
*Meia Noite*

O saguão estava impregnado de uma tensão quase tangível. O corpo de Eduardo, crucificado na parede, servia como um sinistro lembrete do perigo que nos cercava.

Vitor, o magista, foi o primeiro a quebrar o silêncio opressor.
"Isso é demais para mim. Estou indo embora," anunciour, caminhando decidido em direção à porta principal.

Ele tentou abrir a porta, mas ela não se mexeu. Franziu a testa e tentou novamente, sem sucesso. "A porta não abre," murmurou, a voz começando a trair seu desespero.

Todos se aproximaram, tentando abrir portas e janelas. Era como se a casa inteira estivesse trancada por dentro, presa por um poder invisível. A desesperança começou a se espalhar como um vírus. Logo em seguida reparamos que os telefones haviam ficado sem sinal.

"Estamos presos," disse Luna. Ela levantou a mão e desenhou um pentagrama no ar, a expressão séria. "É uma barreira feita por um mago poderoso."

Sorri para Luna, reconhecendo a verdade em suas palavras. "Ah, então você não é apenas uma evangélica como aparenta. É uma maga Wicca."

Ela sorriu de volta, com um brilho astuto nos olhos. "Nunca disse que era só pastora."

Comecei a dançar, recitando palavras em uma língua que ninguém entendia. Quando terminei, expliquei: "A barreira é uma magia antiga."

O Padre Richard segurou firmemente seu crucifixo, a voz baixa e grave. "É a barreira de John Dee. Um feitiço em idioma enoquiano de anjos caídos. Só antes vi em livros no vaticano e em um exemplar do grimório de Dee, mas tenho certeza."

Todos ficaram surpresos com a menção do idioma enoquiano. A tensão aumentava, e a necessidade de escapar daquela prisão mágica era cada vez mais urgente. Foi um estalo, mas Vítor tentou usar o telefone inutilmente porém nada funcionava, na verdade como constatamos em seguida, nenhum dos nossos telefones estava com sinal.

"Vou levar as meninas desmaiadas para o quarto," ofereci, tentando manter a calma.

"Ninguém deve ficar sozinho," disse o Padre Richard, com sua tonalidade de voz firme. "Margareth e Vitor, acompanhem Meia Noite."

Enquanto Luna, Fábio e o Padre tentavam descobrir como quebrar a barreira, nós três levamos as meninas para o quarto, eu segurando Raquel no colo e Regiane sendo carregada por Vitor. O corredor estava mergulhado em uma penumbra sinistra, as luzes piscando de forma intermitente e inquietante.

"Isso está ficando cada vez pior," resmungou Vitor, o medo evidente em sua voz.

Margareth, sempre sombria e sensual, riu baixinho. "Você realmente não está preparado para isso, está?"

"Eu... eu só sou um tiktoker famoso," confessou Vitor, a voz trêmula. "Não tenho muito experiência real. Só tenho uma sensibilidade grande, e uso o dinheiro para ajudar minha família que passa necessidade."

Margareth olhou para mim, intrigada. "Sua magia, Meia Noite. É diferente de tudo o que já vi."

"Vamos dizer que eu tenho meus truques," respondi, tentando desconversar. Desde cedo percebi que quanto menos as pessoas souberem da minha capacidade, mais seguro.

Chegamos ao quarto das meninas quando um barulho no corredor chamou nossa atenção. Margareth e eu fomos investigar, mas não havia nada. As luzes piscavam de uma forma sinistra, aumentando a sensação de que estávamos sendo observados por algo invisível e maligno.

O ambiente ao nosso redor parecia mais sombrio a cada passo que dávamos. As paredes pareciam se fechar, e o ar ficava cada vez mais denso, como se estivéssemos respirando medo.

As sombras dançavam nas paredes, tomando formas distorcidas e ameaçadoras.

Quando voltamos ao quarto, nos deparamos com uma cena aterrorizante. Raquel segurava sua irmã seminua, os peitos à mostra e coberta de sangue, os olhos arregalados em estado de choque.

Ao lado delas, na cama, estava o corpo de Vitor, coberto de sangue, com um buraco na lateral da garganta.

"O que diabos aconteceu aqui?" perguntei, minha voz carregada de incredulidade.

Margareth, sempre a predadora, olhou para a cena com uma expressão quase divertida. "Parece que nosso amigo magista não aguentou a pressão."

"Não é hora para piadas, Margareth," respondi, tentando manter a compostura. "Temos que descobrir quem fez isso."

Ela deu um passo à frente, sacando sua faca, a lâmina da adaga ainda brilhando em sua mão. "Talvez seja hora de começarmos a levar isso mais a sério, Meia Noite."

Enquanto ela falava, o corredor ao nosso redor parecia ganhar vida, as sombras se movendo como se estivessem conspirando contra nós. O ar estava gelado, e uma sensação de desespero tomou conta de todos.

"Margareth, você pode estar se divertindo com isso, mas precisamos resolver essa situação," disse, minha voz carregada de sarcasmo.

"Você realmente acha que podemos resolver isso?" ela respondeu, os olhos brilhando com um brilho malicioso.

"Temos que tentar. Não podemos simplesmente desistir," rebati, firme.

Margareth riu, um som frio e sem alegria. "Você é um sonhador, Meia Noite. Mas tudo bem, vamos ver onde isso vai dar."

Enquanto Margareth e eu trocamos palavras afiadas, Raquel estava em estado de choque, balbuciando incoerentemente. A situação estava se tornando cada vez mais desesperadora, e eu sabia que precisávamos agir rápido.

"A coisa está ficando feia, Meia Noite. O que você sugere?" Margareth perguntou, sua voz carregada de cinismo.

"Precisamos manter a calma e pensar em um plano," respondi, tentando manter o controle.

De repente, um barulho ensurdecedor ecoou pelo corredor, seguido por um grito horrível. Olhei para Margareth, e ela acenou com a cabeça. "Vamos ver o que está acontecendo."

"Isso é só o começo. O verdadeiro horror ainda está por vir," pensei, minha mente carregada de uma sinistra premonição.

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