Impuro

Capítulo 03

CAPÍTULO 03

25/janeiro
2000 

Sept-tours, França.

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A garota de cabelos loiros e olhos azuis permanecia quieta em seu quarto.
Jantava comigo de noite e passava o resto do tempo trancada no cômodo pequeno, ela não reclamava ou fazia birra.
Ela não era mimada como achei que seria, não era fresca como sua irmã, não falava o que não devia, não se metia onde não era chamada e não me fazia perguntas como se fosse a porra de uma garotinha.
Ela agia como uma mulher, andava como uma mulher, e se portava como tal, nunca agia como se tivesse  Dezessete anos e fosse apenas uma garota.
E apesar de chorar algumas vezes na minha frente, ela não o fez na frente de mais ninguém, nem mesmo ontem, quando um dos meus homens segurou seu braço e a atacou, ela o encarou confiante e eu pude ver fogo em seus olhos.

A garota disse apenas uma frase, e foi suficiente para ele se tremer e a soltar lentamente, ela não usou meu nome ou minha influência.

Apenas olhou nos olhos dele e sorriu.

— Lembre-se do que aconteceu ao John — foi tudo o que disse e então voltou a caminhar tranquila pelo corredor.

John.

Sim eu me lembro dos boatos de que ela havia o empurrado da escada quando ele a tocou, o homem não morreu mais seu estado não é um dos melhores.

E devo admitir o quanto ela é boa e o quanto é inteligente, a garota me contou tudo o que sabia, detalhe por detalhe, ela puxou na mente nomes, lugares, senhas, planos e até os planos B e C. A garota tem uma memória de ouro e devo admitir que tem a personalidade muito melhor.

Ela até me mostrou no mapa onde ficam os pontos estratégicos e as áreas que seu pai usa, me mostrou e contou com detalhes tudo o que eu queria saber e até o que eu não tinha pensado em perguntar.

Depois disso a deixei voltar para o quarto com a promessa de que lhe daria uma resposta sobre seu destino ainda hoje.
Mais o dia passou e eu mal consegui voltar para casa, e agora tenho certeza que a garota já está dormindo.

Olho no relógio em meu pulso onde já marcam onze horas da noite.

Suspiro me sentando em minha poltrona diante da janela que me dá uma bela visão da noite clara e brilhante, o quarto está escuro e apenas a luz da lua ilumina o pouco espaço onde chega.

Ouço o som familiar da porta se abrindo e não preciso de muito para saber que é a garota loira, sinto seu perfume e por mais insano que seja sinto sua delicadeza e sua presença marcante.

— Você está me devendo uma resposta — ela sussura.
Sua voz enche o ambiente vazio.

Me viro olhando-a dos pés a cabeça.
A garota tem o cabelo jogado sobre os ombros com pequenas cascatas enroladas.
Ela está descalça e usa apenas um vestido verde que vai até o meio de suas coxas, a pele branca está levemente corada e alguns fios de cabelo grudam em sua testa devido o calor.

— Está tarde, garota — sopro as palavras e ela pisca seus olhos azuis dando um passo em minha direção.

— Eu sei, mais...

— Vá dormir — ordeno e ela nega cerrando os punhos.

— Não. — diz decida dando outro passo — Não vou dormir ou voltar para minha sela, não enquanto você não me disser o que pretende fazer comigo.

Encaro seu rosto belo e tenso.

— Está certo — a avalio e ela se aproxima mais um passo — E o que pretende fazer com a informação?