Deveres

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O olhar se dirige a um horizonte distante, quase como se buscasse o abraço das sensações de recordações doces e protetoras.

Um xale de seda, que uma rajada de vento preenche como uma vela, emoldurava seu rosto. O tecido teria voado para longe se não uma tivesse no lugar com um gesto decidido da mão.

A fraca a luz do Amanhecer não define seus contornos. E seria impossível, sua beleza na verdade é contada por milhares de pequenas latojas de pedra que compõem suas formas sinuosas no centro de uma sala.

É o som de uma vestes finíssimas que se aproxima, tocando o piso ponto de repente para ir com a delicadeza de uma pluma, repousa um pé pequeno e bem cuidado.

Demora um instante sobre o mosaico, então prossegue pela sala sem fazer barulho, acompanhando apenas pelo favalhar das vestes que toca o chão.

A cada passo a vestimenta branquíssima balança, Seguindo os movimentos do corpo como um dançarino agarrado à sua amada. Quem dirige esse movimento cadenciado são os quadris, que afloram por um instante da brancura da túnica como flores de lótus na superfície da água, para depois submergir e sumir, deixando aos longos pisados apenas poucos instantes para restabelecer sua organização elegante.

A túnica parece flutuar no semi escuridão do Corredor, Só poucos fachos de luz cortam a penumbra, projetando de forma ritmada o brilho das vestes sobre os afrescos nas paredes, é uma carícia luminosa que toca as pinturas, leve como uma nuvem ponto segue na direção de uma janela distante, e a figura destaca-se contra a luz. A túnica então parece dissolver-se, transformando-se em uma auréola brilhante ao redor do corpo que envolve.

O corpo de uma jovem mulher de pouco mais de seis e vinte dias de nome, levemente alta, esbelta na medida certa, mas com formas muito sinuosas. Cada movimento dela sussurra uma indefinível combinação de harmonia, curvas e elegância, dando vida a uma profunda sensualidade.

Seus passos lentos e o desenho dos quadrinhos contra o céu fazem o resto. O fascínio dessa mulher é tão impalpável quanto o rastro de perfume que deixa atrás de si. E, assim como os perfumes, seu verdadeiro segredo, mais do que em sua beleza, reside nas Sensações que evoca em quem se aproxima. Um segredo que ela aprendeu a dosar e utilizar com uma estria.

Pois ela é Rhaera, filha da Casa Targaryen.

Senhora Nohaelor.

Descendente da Antiga Valíria.

Cavaleira de Dragão.

O amanhecer imunda de luz o castelo de Valhalla Negra, assim como toda a terra do Mar Fumegante. E anima e anima suas cores, aquele véu cinza azulado que envolvia desde Aurora desaparece aos poucos deixando o emergir vermelho dos telhados ponto nessa primeira respiração do dia as terras áridas surge como uma revolto, uma extensão infinita formada por ondas que corresponde a edifícios de alturas diversos com terraços distantes, lucarnas e verdadeiras escadarias de telhados como se fossem colinas. Aqui ali como flores em uma pradaria destacam-se os cumes verdes e escuros dos antigos templos dos Deuses valerianos negro e bronze dourado que já oxidou.

Por todos os lados levantam-se pequenas colunas de fumaça branca no ar fresco, sinal de que alguém acendeu uma lareira para parar uma refeição para Celebrar rituais nos antigos templos, para acender os grandes fornos das termas ou simplesmente para começar o trabalho nas oficinas.

Os muros ao redor trabalhados em tijolos mármore e pedras vulcânicas, assim como vidro de dragão, em momentos como esses, com o sol, iluminasse, revestindo a cidade de luz natural. Uma luz que desce aos poucos pelos becos ainda imersos em semiescuridão, como um vapor luminoso.

A mulher observa a cidade ganhar vida ao seu redor ainda pensando sobre todo o trajeto feito até ali, e tudo que ainda será feito em diante. Projetos,  planos e idéias são trazidas e executadas quase todos os dias, as terras, conhecida como Principado de Valíria não parava em mudanças e crescimento.

O Príncipe Dragão - O Renascimento de Valíria Onde histórias criam vida. Descubra agora