Perseguida

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Acordo já de noite com uma sensação ruim, devo ter dormido pouco depois de Pedro ter ido embora, Mark encara a parede e a sensação de frio logo domina meu quarto.

O padrasto de Pedro aparece saindo do meu closet.

- O imbecil não está aqui para te defender certo? - ele se aproxima - Só vou te dar um recado.

- O que eu fiz? - O encaro - Porque comigo?

- Porque você é a única imbecil que consegue me ver!? - ele rí um riso maligno e cruel - Vou te perseguir, onde quer que vá saiba que eu estarei bem ali, te observando.

- O que você quer para me deixar em paz?

- Sua alma.

Ele rí e começa a sumir em uma nuvem negra, um cheiro horrível sai do seu rastro que vai ficando mais clara até sumir.

Eu me arrepio toda, acabei de ser alvo de perseguição de um espirito do mal.

Escuto uma buzina e Daniele liga para meu celular, 50 mensagens dela e 2 ligações perdidas.

- Merda - Levanto rápido - Esqueci da festa.

Ela liga de novo.

- Alô? - Falo.

- Cinderela vai joga suas tranças - Ela fala.

- Na verdade é Rapunzel... - reviro os olhos rindo - Você teve infância? 

- A cala a boca e desce logo.

- Espera 15 minutos? Falta só uma roupa e maquiagem.

- Dá pra esperar ai?

- Entra.. - Aperto o botão de abrir o portão da garagem - Vem pro meu quarto, aproveita que a minha tia não está aqui hoje.

Daniele subiu as escadas correndo e entrou no meu quarto.


- Que casa do caralho! - ela se joga na minha cama - Deve valer a pena ser assombrada...

Eu rio.

- Vai por mim, eu prefiro morar em um barraco a passar pelo que eu passo.

Lembro de que fui ameaçada 10 minutos antes da chegada de Dani, me arrepio, acho que ficou na cara porque ela para de mexer na minha cabeceira e me olha abrindo bem os olhos.

- O que tem um deles aqui agora? - Ela olha ao redor - Oi alma!

- Daniele, por favor, cala a boca.

Ela rí e se espreguiça.

- Anda logo, a festa começa já já e você não pode perder a luta inicial.

- Luta?

- Todo ano Marcus espanca o novato que se atrever a entrar no ring com ele, é uma tradição.

- Seria interessante se ele perdesse para uma mulher.

Ela me encara.

- E melhor não, seu rosto bonito ia sair bem fodido dessa, e ele iria amar a menina loucamente, foi assim que ele arrumou a namorada morta.

- O que? Não falei de mim! Foi só uma ideia.

Ela continua me encarando.

- O que?

- Seu batom tá borrado.

- Se você me deixasse me concentrar eu iria mais rápido e faria um trabalho melhor.

Ela vasculha meu quarto, cada centímetro dele.

- Cuidado, não olha embaixo da cama.

Ela para tudo.

- Porque??

- Tem um gato irado embaixo dela - eu rio.

Ela puxa o lençol e se abaixa, Lucky sai pulando em cima dela e miando loucamente, Daniele grita.

- Eu avisei...

- Qual é o problema desse gato?

- Não sei, mal humor...

Ela pega Lucky no colo ignorando os arranhões que pode ganhar e mia para ele.

- Você tem problemas? - Pergunto - O que é isso?

- Se você mia para um gato você se comunica com ele, e talvez ele se acalme.

- Nunca vi um ladrão latir pra um cachorro...

- Isso só funciona com gatos.

- Jesus... - começo a rir - Dani você comeu aquele bolinho temperado com maconha de novo?

- Não! Foi um acidente aquilo...

Fico pronta para a festa e saio do closet com um short, uma blusa mais arrumada e saltos.

- Caralho.... - Dani bate palmas - Olha, se você fosse gay ou bi, eu te pegava.

- Hãn... Obrigada?

- Podia ser - ela me analisa - Você já foi modelo? Quanto tem de altura?

- Não sou, não fui e tenho 1,85.

- E eu aqui largada desde os 14 nos 1,62..

- Vamos?

- E sua tia?

- Felizmente ela pegou plantão noturno...

- Viu? Tudo dando sinal que essa festa vai ser do caralho.

Pego a mão dela e saímos andando rápido e rindo ate o andar debaixo.

Fiquei calada no jardim.

- Que foi?

- Nada...

O padrasto de Pedro está no jardim rindo para mim, um riso sem som, e de repente, uma péssima sensação me domina, mas ignoro e entro do no carro de Dani.


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