Desabafo

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Depois de muito brigar eu concordei com minha tia de passar no hospital para checar como estou fisicamente depois do ataque e terminei passando a noite no hospital, não havia sinais de nada que eu tenha vomitado, a única coisa que me salva é que minha tia também viu. 

- Pelo menos dessa vez não fiquei sendo a louca da historia.

- O que foi aquilo Taylor? Alguma brincadeira?

- Não tia! Você viu! Eu vomitei aquela coisa preta,  eu senti mãos me puxando pra dentro da banheira e me prendeu lá, e ai você me acordou.

- Você viu alguém estranho antes de entrar? Meu deus nossa primeira noite e a casa já foi invadida?

- Tia... Não foi humano.

Ela suspira.

- De novo isso?

- Sim, mas relaxa, eu vou começar a mentir para você porque obviamente você não acredita.

Pego meu casaco e saio do hospital a pé, pouco tempo depois minha tia está com o carro do meu lado com a janela aberta.

- Entra no carro.

- Não.

- Você nem sabe voltar pra casa...

- Eu me viro.

- Entra logo na porcaria do carro.

Eu viro para ela e dou um murro no teto do carro, me abaixo o suficiente para ela me ver.

- Você não é minha mãe, não precisa me criar certo? Não vai fazer de você a médica do ano e muito menos a heroína da historia, agora por favor, ME DEIXA EM PAZ.

Ela afirma com a cabeça e vai embora com o carro. 

Ando por meia hora e paro em uma loja de bebida, compro uma garrafa de vodka e tomo uma parte dela no caminho, chego em casa caindo, consegui chegar graças a um taxi e minha tia está sentada no sofá me esperando. Ela acende a luz do abajur e me encara.

- O que? - Pergunto tentando manter a postura - Eu to bem.

- Taylor.... - Ela se levanta e vai para a cozinha - Toma esse remédio para amenizar sua ressaca amanhã e me da a garrafa.

- Que garrafa?

- A que está na sua bolsa escondida de mim, me da logo, amanhã a gente conversa.

E ai esta, o tom decepcionado que ela sempre usa quando acha que eu sou um verdadeiro problema, ela enfia a mão na minha bolsa e de lá tira a garrafa que comprei, tomo o remédio e subo as escadas me jogando na cama, em pouco tempo eu durmo.

Acordo de manhã com uma dor de cabeça gigante e vejo que durante a noite minha tia me cobriu com cobertor, desço as escadas e ela me espera para tomar café da manhã.

- Obrigada. 

- Pelo que?

- Me cobrir durante a noite? Cuidar de mim...

- Taylor, ontem a noite eu nem fui no seu quarto, não cobri você, e cuidar de você é o que eu prometi a sua mãe que ia fazer, você sempre dificultou esse processo mas eu sou a sua familia e nunca vou desistir de você.

- Desculpa pelo o que te disse ontem.

- Sem problemas... - Ela toma um gole de café - Mas você está de castigo.

- Que? Eu ja tenho 18, não to não.

- Sim você está, sem mesada, e quero você aqui logo depois da escola, você tem que fazer isso 1 semana, não vai sair de casa.

- Isso e ridículo.

- Ridículo e você ir beber no primeiro problema... - Ela suspira - Eu não quero que volte a ser aquela menina do ano passado.

- Não vou. 

- Vai se atrasar para a escola.

Visto o casaco e saio de casa para a escola.

Chegando na escola Daniele está me esperando no corredor, me recebe com um abraço apertado e me puxa para o estacionamento.

- Faz questão de ver a aula de artes? Já vi seu desenho, e você não precisa de aulas...

- Tudo bem, posso faltar uma vez ou outra..

- Legal, agora me conta, porque estava bebendo na rua ontem?

Suspiro e passo a mão no cabelo.

- Você viu é?

- Minha mãe trabalha no hospital e eu fui levar a janta dela, quando cheguei você estava saindo e eu ia falar com você mas meio que brigou com sua tia e eu não soube como fazer.

- Ai me seguiu?

- Sim - ela diz - Olha não me entenda mal mas você é nova na cidade e não sabe o que acontece pelas ruas perto do hospital com quem anda só, eu tava cuidando de você na verdade, ali é um ponto pesado de drogas e assaltos.

- Ok.... Bebi porque tenho problemas que só a bebida apaga, ou drogas, mas drogas eu já não uso mais.

- Por isso que ontem falou pro Marcus que teve problemas com isso?

- Sim.

- Ok, e qual é o problema?

- Nada demais - suspiro - Ninguém acredita mesmo.

- Tenta, o máximo que faço é rir.

- Vejo gente morta.

Daniele para de andar bruscamente e abre bem os olhos e faz uma cara de chocada.

- Acho que a frase certa é "com que frequência?" Ai você fala "O tempo todo", igual aquele filme sabe?  - ela sorri - Mas e ai como funciona isso?

- Não é o filme Daniele, é a pior coisa que pode acontecer, primeiro um frio insuportável e depois a aparição.

- Hmm, e eles aparecem com a aparência que tinham antes da morte ou a que tinham durante a morte?

- Olha só, você conheceu uma Karen? Morreu na biblioteca no tiroteio.

- Sim! Sua parente?

- Não, ela apareceu ontem com um buraco de tiro na testa para mim, e eu fui bater na casa dela depois da escola pra passar tipo um ultimo recado, e enquanto eu falava e resolvia toda a situação eu pude notar o buraco em sua testa se fechando, seus dentes clareando e ela voltando a parecer uma garota normal.

Daniele fica chocada.

- Ok agora eu acredito...

- Eu não gosto de ver.

- Imagino... Como foi sua primeira experiência paranormal?

- Eu consegui ver meus logo depois da morte deles quando acordei no hospital.

Suspiro e limpo qualquer vestígio de lágrima que possa ter surgido em meus olhos.

- Isso e bom... Pelo menos vocês se despediram.

- Acho que sim.... 

- Ok, nessas circunstâncias preciso te avisar que a casa que você está morando teve um crime horrível, por isso que foi bem barata, parece que um menino espancou o padrasto até quase a morte por pensar que o cara tinha matado a mãe dele e dele, o cara batia nela e era um problema na cidade, o menino pensou que tinha matado o cara e se desesperou com a situação, e terminou pulando do telhado na tentativa de suicídio, a mulher ficou meio louca quando acordou e viu o filho no jardim e o marido problemático apagado e vendeu a casa.

Eu gelo.

- O que?

- Só achei que devia saber...

Minha tia não me contou sobre isso.

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