Perseguida

Relatos

Acordo durante a noite com um frio imenso, Hélio está me encarando bem do lado de minha cama.

- Ora bom dia...

Eu dou um pulo da cama e fico sentada.

- O que você quer?

- Eu já disse, a sua alma - Ele ri - Ou a de um inocente.

- Como assim? 

- Veja bem - Ele senta na minha cama e eu me encolho para não encostar nele - Eu obviamente não vou para o céu, mas para ter um luxo no inferno, eu preciso de uma alma "boa" para alegrar o Lúcifer, sabe como é né? Me livrar da sensação de afogamento, não ser torturado por lá e essas coisas.

Eu me arrepio.

Ele se aproxima mais e coloca a mecha solta de meu cabelo atrás de minha orelha, seu toque em minha orelha me deixa totalmente desconfortável e uma sensação congelante me atravessa.

- E como você está viva e me vê - Ele sorri - Eu posso me divertir te importunando no meu tempo livre.

Sinto náuseas fortes.

- Ora desculpe, você não entende como é conseguir sair da água com múltiplas fraturas expostas e assistir sua pele apodrecer sem ninguém para resgatar certo?

O frio aumenta.

- E tem o frio, nossa como é frio quando você está infeccionado, molhado e jogado as margens de um rio.

Ele se aproxima e coloca mão no meu pescoço rindo.

- E a falta de ar? - Ele aperta um pouco meu pescoço.

"Pedro aparece por favor" eu penso sem conseguir falar nada porque eu sinto que se abrir a boca alguma coisa horrível pode acontecer.

Pedro atravessa a porta rapidamente e ao ver a situação arranca Hélio de minha cama e o joga no chão.

- Calma filho - Hélio sorri - Eu já estava de saída, a perseguida já está aterrorizada, e é de medo e agonia que eu me alimento, sabe? O medo e a agonia dela me deixam feliz e me mantem aqui sem precisar descer de novo.

Hélio pula pela janela aberta.

Pedro corre e me puxa para um abraço apertado.

- Você não tem que passar por isso.

- O que quer dizer?

- Eu vou sumir da sua vida Taylor, eu atrai este homem, ele está atrás de mim.

- Não!

- E a única saída...

- Prefiro ser atormentada por ele a perder você.

Ele me encara.

- Você tá falando serio?

- Sim.

- Taylor, se eu voltar ele vai continuar vindo para você.

- Eu sei, mas não quero que você seja a alma que ele vai usar para se safar...

- Eu não sei o que fazer.

- Volta, a gente vê depois...

- Me ajuda a descobrir como volto?

- Farei meu melhor.