08 - filhinho do papai

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"Eu tenho sonhos eróticos, já tô psicótico, psicológico

Pede você, cê também quer, isso é lógico,

É fogo, é fetiche, desiste logo de tentar me esquecer"

CORRENTINHA | Léo & Raphael

Meu pai já está em casa quando estaciono a Silverado na garagem, sei disso porque a Dodge Ram dele está ocupando o meu lugar de sempre — e ele sabe onde gosto de estacionar a minha caminhonete

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Meu pai já está em casa quando estaciono a Silverado na garagem, sei disso porque a Dodge Ram dele está ocupando o meu lugar de sempre — e ele sabe onde gosto de estacionar a minha caminhonete.

Suspiro e desço do veículo, assim que entro em casa, ouço uma batida de jazz de fundo... acho que a segunda-feira dele foi horrível, porque ele escuta esse tipo de música só quando o dia foi cheio ou podre, às vezes os dois.

— Leonardo? — a voz dele ecoa da sala de bebidas ao lado da de estar. — É você?

Inferno e eu ainda tentei seguir com passos mais lentos em direção a escada.

— Sim. — respondo, estou com a mão presa no corrimão, na esperança de que ele não me chame em direção a sala de bebidas.

— Vem aqui, fazendo favor, já tem dias que não vejo o meu próprio filho. — ele solta.

Respiro fundo e mudo a minha rota original, trocando o destino final do meu quarto para a sala de bebidas. Que porra!

Passo pelo portal e o vejo sentado em uma das poltronas, está com as pernas e os primeiros botões da camisa social abertos, o charuto prende de uma das suas mãos, enquanto na outra segura o copo baixo com bebida bordô dentro — o ar-condicionado dentro da sala está deixando a temperatura no chão.

— E aí? — digo, enfiando as mãos nos bolsos.

Nunca fui muito próximo do meu pai e talvez seja por escolha dele mesmo, só que infelizmente todas as vezes em que ele tentou ser um pai presente na minha vida, ele optou por ser um babaca fodido que transforma tudo em propósitos para a Raggi Agronegócios.

E aí? — me imita, está debochando do meu tom de voz, como sempre. — Engrossa essa voz, Leonardo, pelo amor de Deus.

— Foi mal. — digo num tom mais baixo.

— Tudo certo com a faculdade?

— Sim.

— E deu tudo certo com a calourada?

— Sim.

— Não fez nada que pudesse...

— Não. — o interrompo com um suspiro. — O nome Raggi ainda continua preservado, relaxa.

Não que sujar o nome fosse novidade, é só ele conversar com os capatazes e tudo se resolve em poucos dias.

— Era só isso? — tiro as mãos dos bolsos e cruzo os meus braços. — Preciso estudar. — mentira.

Cowboy Like Me (em andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora