Ghost

Capítulo 4

Ghost

Minha vida desde que vim para o Complexo 51 é ainda mais agitada que antes.
Eu já fui um cara da lei. Alguém que amava colocar bandidos atrás das grades. Meu lema era "bandido bom é bandido morto, ou trancafiado sem ver a luz do sol", até que fui salvo por um.

Caveira era seu vulgo, o dono do Complexo 51, alguém a quem eu queria colocar na prisão a todo custo, mas o destino como um bom filho da puta se encarregou de rir da minha cara. E após sua morte, o comando passou para minhas mãos.

Tentaram acabar com minha vida, e de fato conseguiram, pois naquele dia me tornei um fantasma.
Ninguém sabe como é meu rosto além dos vapores que trabalham no complexo 51.

Muita coisa mudou depois de minha ascensão, nenhum menor trabalha mais na boca, pelo contrário, eu mantenho suas famílias para que estudem e decidam o que querem de suas vidas sem ingressar no crime tão cedo.

Há anos venho ganhando espaço para me vingar daqueles que me jogaram no inferno. E quando aquela garota subiu o morro eu soube que tinha em mãos a chave para os d'esgraçados caírem.
Passo o olho pelo dossiê detalhado que tenho dela sem realmente enxergar o que tá escrito ali.

Anelise Vasconcelos, um puta mulherão, só tem um defeito: é filha do verme do BFEM.
No dia em nos esbarramos, eu tinha um plano montado para pegar o fardado maldito que me devia.

Era um plano sem brechas, os vermes estavam até o pescoço enfiados em corrupção, por isso passei a fita em uma denuncia anônima, disse que Ghost estaria na boca três e com muito dinheiro. A isca foi jogada e os infelizes caíram.

Naquele dia, Deco disse que sua prima ia subir o morro, me incomodei com aquilo então ele jurou que resolveria, porém Natália nunca foi de obedecer, pelo contrário, a garota amava irritar o primo e bater de frente. Mas a surpresa foi maior quando Dinamite passou o rádio que Natália tava acompanhada de uma morena. O garoto me mandou uma foto e quando joguei no Google uma excitação tomou conta de cada poro meu. Em segundos eu já sabia todas as suas redes sociais, e como bom filho da puta que sou, decidi provocar deixando um comentário em sua última postagem do instagram e fui respondido com sarcasmo.

Não interferi na subida delas, contudo, assim que a invasão começou fomos para a casa do Deco,  e porra! A garota tava lá.
Quando entramos no barraco seus olhos negros me analisaram, os lábios carnudos chamaram minha atenção. A garota era ainda mais linda do que nas fotos, o corpo curvilíneo evidenciando a cintura fina, bumbum empinado, o cabelo negro ondulado descia até o meio das costas fazendo contraste com a pele branca. Anelise exalava sensualidade, ao mesmo tempo em que destoava de tudo naquela casa.

Houve uma certa tensão entre Deco e ela, a verdade é que a garota me surpreendeu ao bater de frente com meu braço direito.
Verdade seja dita, tem que ter coragem para isso.

Geralmente mulheres do asfalto vem atrás de sexo fácil, ostentar fotos tiradas com as armas desses Zé bocetas, que não podem ver um rabo de saia que já querem se enfiar. Mas basta bater o pé que elas saem correndo tremendo de medo, porém com ela não foi assim.

Anelise me atraiu com violência, isso me deixou muito nervoso. Nesse dia, não  vi medo em seus olhos apesar de estar apreensiva, soube que não seria fácil usá-la, ainda assim decido fazer.
A garota seria um meio para o fim. Uma peça descartável do meu jogo de xadrez que vou me livrar assim que conseguir meu objetivo.

Dois dias passaram desde nosso embate, mas eu não consegui  tirar ela da cabeça.
Caralho, aquele beijo me tirou o chão deixando-me sem reação, só deixei levar, saboreando seus lábios macios.

— Isso não vai mais acontecer, Dominic. — resmungo em voz alta.

Volto para o presente deixando o papel que estou tentando ler em cima da mesa.
Levanto e saindo daquela sala abafada e desço a ladeira pra saber do movimento. Alguns vapores transitam por ali com a arma enfiada no cós do calção, a maioria sem camisa exibindo as tatuagens.