Ghost

Capítulo 7

Ghost

Durante três anos eu me fortaleci. Fiz aliados poderosos que esses malditos nem fazem ideia que existem.

Hoje todos me temem porque não sabem quem sou, antes também temiam mas acreditavam que eu era uma pessoa manipulável e quando entenderam que eu não era, me jogaram no inferno.
Finalmente começa a caça de verdade, é aqui que começa a retaliação.

Demorei muito tempo por não saber a identidade de alguns, ainda falta um homem, o único que não identifiquei.
Contudo falta pouco, essa noite sua identidade será revelada.
Estamos parados em meio a uma estrada de terra. A noite escura sem o brilho da lua encobre nossos carros com os faróis desligados.

Observo a casa ao longe acender as luzes, não vai demorar para começar. Aqui é onde aqueles homens asquerosos vêm para fazer suas festas regadas a drogas, bebidas e orgias. Aqui é onde podem arrancar as máscaras e ser quem são sem se importar com a sociedade.

— As câmeras estão desligadas? — pergunto para Deco.

— Dentro dos conformes. Aquela sua amiga hacker deu conta do recado.
É claro que ela deu conta do recado. Penso revirando os olhos.

— Transferiu a grana pra ela?

— A mina queria um tal Bitcoin, sei lá, foi difícil mas dei conta.

— Ótimo.

É bom ter conhecimento de todos os criminosos de dentro e fora do país, foi assim que me aliei aos gêmeos italianos, foi assim que conheci a hacker* mais procurada do mundo, e é graças a isso que estou a um passo de ter o sangue dos malditos escorrendo pelos meus dedos.

— Vamos invadir. — comunico após uma hora parados ali. — Coloquem as máscaras. — ordeno aos que estão comigo — Os únicos que quero vivos são os homens que eu falei.

Saio do carro escutando as outras portas batendo.
Nessa noite eu uso terno, quero que eles saibam quem eu sou antes de dar o último suspiro. Quero ver o pavor em seus olhos, o mesmo que vi no olhar da Melissa quando a tiraram de mim, quero que implorem por suas vidas como eu implorei pela dela.

Começo a caminhar com a metralhadora apoiada no ombro. Uma onda de adrenalina se espalha rápido, tenho que me segurar para não matá-los de uma vez, porque quero que sofram a cada minuto.

O ódio que nutri por todos esses anos parece transbordar, a cada passo que dou ele aperta, me sufoca, toma conta de cada célula minha se esgueirando por baixo da pele como serpentes escorregadias.

Dinamite explode o portão vazado da fazenda, o som alto reverbera pelo local. Sorrio satisfeito com o coração golpeando na minha caixa torácica, imaginando seus semblantes assustados.

Antes do tiroteio tudo parece em câmera lenta. Meus homens passando por mim, a casa se aproximando, até o vento está diferente.
Meus olhos param nos homens que eu quero, eles aparentam não entender o que tá acontecendo.

Então o primeiro tiro vem e é como música para meus ouvidos. Tiro a metralhadora do ombro segurando firme e começo a atirar. Minha mão treme sob o cabo da arma, consigo ouvir o som da carne ao ser perfurada pelas balas, o que aumenta minha sede de sangue.

Eu poderia poupar as pessoas ali, poderia deixar que vivessem, só que não há inocentes neste lugar, ninguém aqui merece uma segunda chance.
Quando nenhum convidado sobrou, minha atenção é voltada para os homens que estão de joelhos. Eles ainda mantêm uma postura altiva.

— Boa noite, senhores. — brado parando a sua frente. — Temos contas a acertar.

— Quem é você? Nós temos dinheiro. Muito dinheiro, diga seu preço para nos deixar livres. — Brandão se manifesta.
Brandão é promotor no mesmo fórum onde eu trabalhava. Ele junto com os outros dois que estão aqui foram responsáveis pela emboscada.