Capítulo 6

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Anelise

Hoje meu pai tem que sair do morro. Um advogado enviado pelo governo marcou uma reunião, mas como Ghost ordenou, ele não anda por aqui. E sempre que precisa sair temos que pedir permissão. É como viver em uma prisão mesmo estando livre.

Uso o contato de Dinamite para conseguir passagem segura para meu pai. Pondero uns minutos e abro nossa conversa no whatsapp:

Ane: Posso te pedir um favor? — Digito e ele não demora para responder.

Dinamite: Diz ae, se tiver dentro dos conformes eu desenrolo.

Mordo o canto da unha pensando no que vou escrever, nenhum deles gosta de policiais devido ao abuso de autoridade que sempre acontece nessas batidas que fazem de vez em quando. E essa raiva é direcionada a Roberval também, mesmo que ele tenha me dito um milhão de vezes que nunca subiu o Complexo 51.

Ane: Meu pai precisa sair. Pode pedir para seu chefe liberar passagem para ele? Se conseguir fico te devendo.
Pior bosta é dever para bandido. Uma hora a conta chega e as vezes pode ser péssimo.

Dinamite: Vô mandar a visão, perae.
Eu ainda não entendo algumas gírias que eles falam, mas já me acostumei com o palavreado.

Dois minutos se passam sem ele responder e já estou ficando aflita. Ultimamente ando tendo crises de ansiedade, as vezes do nada acontece e o tempo passando parece ser um gatilho pois meu coração já começa a disparar.

Dinamite: Seu coroa tá liberado, mas o chefe tá boladão contigo.

Ane: Obrigada.

Ignoro a parte que ele fala do chefe.

Dinamite: Fica sussa, uma mão lava a outra e a minha lava seu corpo se cê quiser.

Dinamite é péssimo em cantadas, reviro os olhos colocando o celular de lado e fico encarando o eternit, as vigas amareladas tem algumas telhas de aranha, os fios emendados dão a impressão que vai ter um curto circuito a qualquer momento.
Ouço passos do lado de fora do quarto e a porta se abre, a cabeça do meu pai aparece.

— Já estou saindo. — fala receoso.

— Vai dar tudo certo pai. — encorajo mesmo não tendo convicção sobre isso.

Ele sorri, mas o sorriso não chega aos olhos e isso corta  meu coração.  Eu sei que a situação não é boa, mas rezo para que esse advogado consiga provar a inocência dele.

Meu pai sai e a casa fica em silêncio, estou sozinha e nesses momentos os pensamentos vem como uma avalanche.

Quase um mês se passou e graças a Deus não vi mais aquele bandido, ainda assim é sufocante estar em um lugar comandado por ele e toda vez que fecho os olhos é aquela maldita máscara que aparece.

Me sinto observada o tempo todo. E as vezes que acordo de madrugada parece que tem alguém no meu quarto. Já pensei em tirar satisfação com Ghost mas acho que estou sendo paranóica e no máximo ele iria rir da minha cara ou pior, tentar invadir minha calcinha de novo.
Bem que dizem que mente vazia é oficina do diabo.

— E que diabo. Meu Deus!

Ghost despertou uma parte em mim que eu nem sabia que existia, uma parte safada e sem vergonha que por vezes imaginou como seria transar com ele. Para uma virgem eu estou muito pervertida.

Levanto da cama, tomo um banho gelado já que o chuveiro vive dando tilt, depois decido sair para espairecer um pouco.

Visto uma calça jeans, meu coturno e uma camiseta preta com um desenho de caveira na frente, prendo o cabelo em um rabo de cavalo e para finalizar passo um gloss labial.

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