Capítulo 5

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Anelise

Depois que Ghost me deixou sozinha na casa eu chorei amargamente, mas estava fazendo aquilo pelo bem da minha mãe, ela não poderia continuar dormindo na rua esperando que um milagre acontecesse.

Logo, fui para o hospital e lá fiquei ao lado dos meus pais pensando em uma maneira de deixá-los a par da situação, temia a reação do meu pai por isso deixo para contar após tudo acertado.
Chego cedo na comunidade porque quero acabar com isso de uma vez. Noite passada não dormi direito por causa dos acontecimentos.

Logo na entrada da favela, vejo aquele garoto que ficou me encarando das vezes que estive ali. Me aproximo e assim que ele me vê pega o rádio, porém antes que delate minha presença ali eu o interrompo.

— Me leve até seu chefe, por favor.

— A branquela tá gostando de zanzar por aqui, né não?

Reparo bem no menino. Deve ter a minha idade, o corpo é magro porém definido, na cabeça tem um boné virado para trás e no pescoço correntes grossas de ouro, pelo menos parecia.

— Perdeu a língua? — ele levanta a sobrancelha grossa.

Continuo minha análise, os olhos são castanhos esverdeados e os lábios finos com um piercing de argola no canto.

— Você é bonito. — solto vendo ele sorrir. — Como é seu nome?

— Satisfação,Dinamite.

Agora sou eu que sorrio.

— Por que Dinamite?

— Gosto de explodir coisas. E se for branquela e com cara de dondoca então... meus dedo coça.

A frase tinha duplo sentido, percebi pelo olhar que me deu.

— Você pode me levar até seu chefe? Tenho contas a acertar com ele.

— Perae, vou passar a fita pros moleque.

Ele se vira e vai até dois rapazes que estão conversando mais afastados, os três se viram em minha direção e o Dinamite gesticula falando alguma coisa, os dois balançam a cabeça em concordância, então ele volta até onde estou.

— Segue ae. O chefe disse que cê pode subir.

Ele começa a andar pegando um caminho diferente. As casas da comunidade vão ficando para trás. Andamos cerca de dez minutos então ele me deixa em frente a uma casa com muros baixos.

— O chefe fica aqui. Se a porta tiver aberta pode entrar. — Dinamite informa, depois pega um aparelho celular desbloqueia e me entrega — Marca seu número ae.

Porque não? Penso segurando o celular do rapaz. Se meu pai descobre eu estou ferrada.

Digito o número e adiciono meu nome entregando o aparelho para ele. Dinamite dá um sorriso ladino aparecendo pequenas covinhas nas bochechas, ele coloca o celular na orelha e o som do meu celular preenche o ar.

— Vamo trocar ideia depois. Adiciona eu ae.

— Claro. — sorrio para ele — Valeu por me trazer aqui.

— Que isso novinha. Eu curti sua companhia.

O garoto se aproxima deixando um beijo no meu rosto, o cheiro de maconha preenche minhas narinas mas não causa incômodo.

Ele abre o portão para eu passe depois desaparece.
Ando devagar e quando aproximo vejo que a porta está aberta por isso entro, só que me arrependo na mesma hora, meu corpo paralisa, abro a boca mas nada sai.

Ghost está transando com uma garota.
O som dos gemidos da menina está em todos os lugares, a pele branca da bunda está vermelha com o sinal de tapas.

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