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A cena exibida podia ser confundida com uma cena de filme de terror se não soubessemos que nessa familia cada dia acontece uma pataquada diferente. Se bem que, para Luciano, aquela era sim uma cena de terror.

Havia tinta vermelha espalhada pelo chão, pela cama, pelo espelho, e por quase todos os cantos daquele quarto.

— Santinha o que foi isso que você pintou na boca?

A mini querida Santinha estava em cima de um banquinho de madeira de frente para o espelho. Seu rosto, ao redor da sua boca, estava completamente pintado de tinta.

— Tinta ué?

Alguns segundos de silêncio até que Luciano suspirou.

— E tá certo isso?

— Não.

— E porque você pintô?

— Papai, vucê compô um batom pa mim?

— Não.

— Tem que pu-compa um batom pa mim puque tinta ó — a menina balançou a cabeça em negação — num bota na boca.

— E porque você botô?

— Puque você num compô meu batom!

Um argumento justo. 



*



— Ei Matinho!

Sul entra no quarto do pequeno, que está montando uma fazendinha com vários brinquedos ao lado da irmã.

O mini vaqueiro se vira na direção do mais velho, estressado já que ele atrapalhou sua brincadeira. A cena era engraçada porque ele estava com uma expressão séria e de chupeta na boca.

— A TV parou, tu pode dar aquele jeitinho?

Rapidamente o pequeno sul mato-grossense se põe de pé.

Ele vai ao lado da caixa na qual guarda seus brinquedos e pega um taco de baseball de plástico. Depois ele passa pelo sulista, que o segue com a câmera, e vai até a sala.

Já perto da TV, ele dá duas pancadas fortes com o taco no eletrodoméstico. No lugar que antes exibia a imagem chuviscada, mostra-se a imagem limpa do canal do boi.

— Obrigado guri. 



*


— Pronto? — Pergunta o pequeno RJ.

Agora o cenário é um pouco mais diferente do das gravações anteriores.

— Espera?

Santinha posiciona melhor a câmera e o carioca revira os olhos. A imagem exibida é um mini carioca em pé sobre um balcão. Parece ser uma espécie de churrascaria.

— Desce, sobe — o pequeno RJ começa a dançar, e, como se confundiu um pouco a letra, Santinha volta a cantar novamente — Desce, sobe, empina e rebola, dona delicia, toda gostosa.

RJ segue na sua dança de milhões (centavos) e Santinha continua cantando.

— Desce, sobe, empina e rebola, — é nesse momento senhores que o caos começa. Acontece que o carioquinha decidiu que seria interessante se apoiar no forninho que estava ao seu lado para executar melhor a coreografia — toda delícia, toda gostosa.

Essa família é muito unidaOnde histórias criam vida. Descubra agora