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A gravação é tremida e mostra o chão de uma casa, relativamente, arrumada.

— Eu 'tava cochilando ali no sofá — diz a voz de Luciano — até que eu escutei um barulho. E eu tenho quase certeza que isso é de uma das crianças.

Uma porta é aberta e um novo cômodo se mostra. A princípio não há nada demais. Até que Luciano passa pelo balcão e na frente da geladeira está um mineiro bem pitico com uma bandeja jogada no chão e vários pães de queijo espalhados.

E, é claro, ele está enfiando vários pães de queijo na boquinha.

O mineiro continuou o que estava fazendo. Luciano por outro lado, começou a se afastar cautelosamente.

A gravação corta e retorna para Luciano apontando a câmera paras as costas de Martin.

— Incluso tengo miedo de tu sorpresa.

— Relaxa corazon, 'cê vai gostar.

Ao abrir a porta da cozinha e passar pelo balcão, Martin solta uma exclamação de surpresa ao ver o pequeno mineiro com vários pães de queijo pelo chão. Luciano sai de trás de Martin e mostra a cena novamente.

— Minas! Eu não acredito que você estragou a surpresa que eu fiz 'pro Martin! — Luciano diz com sua melhor atuação de surpresa. 



— Rio deixa eu falar uma coisa.

Do absoluto nada o pequeno Paulo decidiu que seria interessante acordar o pai de seu sono para pedir o telefone. Jogos, que nada, ele já se cansou do jogo da cobrinha do Nokia caindo aos pedaços do pai. Na verdade, ele queria fazer uma ligação para o irmão que estava passando as férias com Bahia e Pernambuco.

E como quando a esmola é demais o santo desconfia, Luciano decidiu gravar aquela situação.

Agora, Paulo estava com o Nokia, que um dia fora branco, mas agora estava quase marrom de tanta coisa pela qual tinha passado, contra a orelha falando com o pequeno Rio do outro lado da linha.

— Eu te odeio muito, mas se você morrer não tem satisfação. O gato é meu.

— Para de falar essas coisa minino. — Interveio Luciano — Ele não vai morrer não. 

— Nã, deixa eu falar. — O mini paulista se dirigiu ao pai e tornou a falar ao telefone — Se você morrer o gato é meu.

— Para de falar essas coisas Paulo!

— Não! Deixa eu falar. O gato é meu! 




— Menino o que foi tu aprontô hoje?

Em mais um dia, nada, normal na rotina de babá do paraense, AP chegou com uma cartinha que havia recebido da professora. E é claro que ele tinha que registrar. Na verdade ele registrava tudo que era possível relacionado ao amapaense. Afinal, ele sempre desconfiava que o menino estava planejando um assassinato e era melhor deixar tudo gravado não?

— Lê do começo em voz alta. — O pequeno AP ordenou.

— Pai — ele começou a ler. Então, na realidade a carta foi dirigida a Luciano. Mas como ele não estava ali, tinha que sobrar para ele — estou escrevendo esse recado por que Amapá se comportou mau hoj—

— Mentira! — O pequeno falou rápido e indginado.

O paraense, por outro lado, apenas deu aquela olhada para o irmão mais novo e voltou a ler a carta:

— Como nunca tinha visto.

— Mentira! — O mini AP começou a gesticular o máximo que a sua mobilidade infantil permitia — Ela é mentirosa. Se fosse eu o aluno mais corajoso eu empurrava, dava beliscão, eu batia, fazia qualquer coisa.

— E esse negócio de aperta os braço da minina?

— Apertei nada! Eu só peguei! Olha só que ela puxou o braço e beliscou e ela fica "a nhã, nhem".

— E essa história do Acre?

— O Acre, vem cá. — Mesmo desconfiado o paraense se aproximou — Ele inventou que eu fiz assim na cabeça dele.

O mini AP esfregou o braço com força na cabeça de PA.

— Fizesse tudo isso?!

— Não fui eu! — O pequeno gritou — Porque é que tu não tá acreditando em mim ein? Eu não fiz nada.

Na verdade ele fez muita coisa. Mas você acha que ele vai assumir? 










N/A: Esse foi curtinho, mas é porque foi o que deu. Já já sai um maior para vocês.

Lembrem-se de deixar sugestões e ideias para as sketches, algumas que foram sugeridas já estão escritas e em breve serão postadas. Hidratem-se e comam frutinhas.

Essa família é muito unidaOnde histórias criam vida. Descubra agora