7

220 22 11
                                    


— Como é que o mosquitinho faz Santinha?

Bahia pergunta apontando a câmera para a pequena ES que está na sua frente.

— O muquitinho faix "pic, pic".

— E se passar o repelente?

— Aí o muquitinho não pic, o muquitinho faz "AAAHHHHH!"




Bate forte o tambor galera!

A música característica da banda Carrapicho ecoa.

No meio da tela, o paraense e a amazonense estão dançando freneticamente ao som do ritmo. É uma energia caótica bem grande.

Bate forte o tambor

Eu quero é tic, tic, tic, tic, tac

Enquanto dois adolescentes malucos dançam ao centro, uma criancinha vestida de dinossauro está ao lado dos dois batendo palminhas e dando risada. Outras duas crianças estão ali também. O pequeno amapaense está de pé ao lado de PA segurando aquela mesma peixeira de brinquedo da paraibana. Tocantins também está ali, do lado de Amazonas tentando imitar a coreografia.

É nessa dança que meu boi balança

E o povão de fora vem para dançar

Sabe-se lá como, o pé do paraense acabou se chocando acidentalmente com o pequeno acreano que estava ali do lado.

— Misericórdia!

No momento em que PA saiu para socorrer o pequeno que chorava escandalosamente, o amapaense tentou avançar contra a perna do adolescente. Ele errou feio e caiu de cara no chão. 





— É vaca!

— É boi!

Já faz um tempo que o pequeno MT e o pequeno MS estão tendo aquela discussão sobre o pet que Luciano acabou de levar para a fazenda da família. E eles fizeram questão de discutir isso em uma estradinha de terra exatamente ao lado do cercado do novo pet.

Matinha dá passinhos pesados em direção ao mineiro.

— Raya é vaca!

— É boi!

— Vaca!

— É BOOOOOOOOIIIIII!

— VACAAAAAAAAAA!

Como crianças tão pequenas conseguem gritar tão alto ninguém sabe.

— É boi! — O sul mato-grossense diz após o escândalo como se o grito de antes sequer tivesse acontecido.

— Vaca!

— É BOOOOIIIIIII!

— VACAAAAAAA!

Matinha parece ganhar a discussão de gritos. Matinho se deixa cair no chão, não desistindo de afirmar que Raya é boi, e fica deitado tendo um choro silencioso.

— Esses chicos não são meus.   




A cena é, de longe, a menos normal. Não que seja caótica, é justamente o oposto e por isso é estranho.

Luciano está segurando um pequeno Matinho no colo. Ele estava segurando a mamadeira da criança, mas, autossuficiente como é, o pequeno deu um tapa na mão do pai e pegou a mamadeira. Sentado do lado de Luciano, um mini acreano está sentado, acomodado bem pertinho do pai, quase caindo no sono. Nas costas do brasileiro está uma Rondônia, juntamente com um cearense, estavam grudando várias presilhas no cabelo do mais velho.

E só para variar, Luciano tinha olheiras de panda e uma cara de sono.

Martin dá uma risada baixa e se aproxima segurando a câmera.

— Ei boludo!

Lentamente, Luciano volta o olhar para o marido.

— Tente não derrubar ninguém dessa vez. Se eu não me engano teve um que já bateu a cabeça certo?

Como se tivessem entendido o oque foi falado, Acre e Rondônia trocaram olhares. Até Matinho tenta se esticar para olhar para os outros.

Enquanto isso, o pequeno cearense pisca um olho seguido do outro bem lentamente.  





— Oi Matinho! — Luciano diz alegremente.

Ele coloca a câmera na frente dos dois e pega o pequeno no colo.

— Naaa

— Você dormiu bem Matinho?

Tal qual PB no colo de Pernambuco, Matinho tenta se livrar do colo de Luciano. O adulto, por outro lado, procura aumentar o contato físico entre os dois.

— Você não quer ficar perto de mim Matinho?

— Naaaaa

O sul mato-grossense se remexe, e tenta chutar e se soltar do colo de Luciano. Antes que a criança caia, e ele acabe tendo mais um filho meio sequelado, Luciano pôe Matinho em uma cadeirinha.

Mesmo após ter sido solta, Matinho parece continuar estressado. Ele fica resmungando e reclamando in kid.

Rapidinho, Luciano corre para a cozinha e volta o mais rápido possível, até porque ele já aprendeu que não se pode tirar o olho de uma criança nem por cinco segundos. Na mão ele segura o mesmo copo de chifre no qual o menino tomou tererê antes.

Assim que o pai lhe estende o copo, Matinho o pega e começa a sugar o tererê sem parar.

— Deixa eu tomar um golinho.

Quando Luciano aproxima sua mão, Matinho lhe dá um tapa. 

Essa família é muito unidaOnde histórias criam vida. Descubra agora