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Diferente das outras vezes, agora foi uma das crianças que posicionou a câmera.

O pequeno amapaense põe a câmera, provavelmente da Nokia porque o tanto de coisa pela qual essa máquina já passou não é brincadeira, na frente de uma rede. Rede essa em que Pará está estava deitado. O moreno mais velho dormia, com direito a um ronco que mais parecia um motor de um caminhão, braça caído para fora da rede e boca aberta escorrendo um fio de baba. Mas quem pode julgar, afinal é dos filhos de Luciano que ele cuida certo?

Com um silêncio e furtividade perfeitos demais para uma criança pequena, o mini AP passa para o lado próximo a corda que pendura a rede. E pior, ele segura uma faca de serra na mão. Como suas intenções eram assassinas, mas nem tanto, ele não utilizou a faca de serra para fins de cancelar o CPF do mais velho. Cancelar sua coluna já estava bom o suficiente.

Equilibrado sobre um banquinho de madeira, o pequeno nortista começou a serrar a corda da rede. Isso levou alguns minutos já que a faca que ele achou estava cega, mas, quando enfim uma boa parte da corda fora cortada, ele desceu do banquinho e saiu correndo para algum canto no qual a câmera não conseguiu pegar.

Enquanto isso, com o peso do paraense, a corda terminou de arrebentar e o nortista mais velho foi ao chão com um baque altíssimo.

E, é claro que ele acordou no susto. Ainda sem entender direito o que aconteceu, o paraense olha em volta. Quando se dá conta de que caiu, ele levanta dando um resmungo e sai para um canto que a câmera não pega. 




*



Milagrosamente, a imagem exibida pela câmera não é o mundo desabando com as crianças de Luciano. É normal até demais para falar a verdade.

Luciano está sentado em um puff segurando um copo que contém um líquido verde. É na verdade aquele suco detox que Martin fez para ele tomar, mas ele estava usando para brincar com uma das suas crianças.

Um pequeno goiano está de pé na sua frente fazendo uma cara muito feia enquanto olha para aquele copo.

— Que cor é essa aqui na mão do papai?

— Azul.

Estava bom demais para ser verdade.

— Não, é outra. Chuta.

E como lhe foi mandado, o mini Goiás ergueu o pé e deu um chute no copo que estava na mão do seu pai, derramando assim todo o líquido no chão que Martin havia acabado de limpar. 



*


Essa família tem uma tendência a fazer um furação em qualquer ligar que eles vão, mesmo muitas vezes sendo em um ambiente fechado. Que dirá em um lugar aberto. Tipo em uma praia.

A primeira coisa que a câmera exibiu foi o pequeno RJ correndo em direção ao mar, com os gritos da baiana ao fundo pedindo para que ele só ficasse no raso. No meio dessa cena, o mini Gipinho passou correndo atrás de um caranguejo que estava a todo custo tentando fugir da criança para poder voltar a ter uma vida normal.

Virando a imagem para o lado, Martin entra em cena. Não bastando o argentino estar branco de protetor solar, ele está enchendo Paulo de protetor também. As pernas, as costas, os braços, todos estão brancos de protetor. Atrás dos dois, a dupla de mini Tocantins e mini Ceará estão fazendo sua própria adaptação alimentar comendo a areia da praia.

Mais uma vez movendo a câmera, Buco e PA estão tocando e cantando algum pagode inintendivel. Ao lado, a baiana está tirando os tupperwares de dentro do isopor e colocando na mesa.

E para completar:

— Mainhaaaaaaaaaaaaa!

O pequeno sergipano voltou correndo com o bracinho lenvantado e o dedinho indicador estendido para cima. Atrás dele o caranguejo vinha o perseguindo.

— Mainhaaa! Meu dedo!

Rapidamente o sergipano alcançou a baiana e subiu em seu colo. Vendo que estava em paz novamente, o caranguejo retornou a sua rotina normal.

— Chico! — Martin gritou dando uma pausa no banho de protetor solar que estava dando em Paulo — Chico, sai daí. Ven para acá!

Saindo de dentro d'água, o pequeno RJ vem correndo nu pelo meio das pessoas. Mas quem disse que ele se importa. Ele está rindo e se divertindo horrores. Ao fundo, nas ondas, dá para ver a sunga do menino sendo jogada para lá e para cá.

Um suspiro é dado e câmera aponta para uma figura inédita nos vídeos.

França está sentado se brozendando (torrando) em uma das cadeiras de praia. No colo do francês, o mini Amapá estava sentadinho, nem parecendo aquela criança que já atentou contra a vida de Pará duas vezes.

— Ei França!

— Puis-je vous aider. — O loiro respondeu sem nem tirar os olhos de um surfista bonito que ele estava admirando desde que chegou na praia.

— Tu não que levar alguns não? Só teus afilhados pra me dar férias.

O francês levanta os óculos escuros para enxergar melhor o tal surfista.

— Non. Gosto de vir visitá-los. Por algum motivo, há algo que me faz querer sempre vir aqui. — O francês levanta os óculos escuros para enxergar melhor o tal surfista. 



*


Surpreendentemente, a câmera não está mostrando nada parecido com um cenário de guerra como das outras vezes. Isso, vindo dessa família, é um feito e tanto.

A imagem que a câmera está mostrando é um pequeno loiro, vestido com uma bermudinha com estampa de praia e uma regata, sentado em um tatame colorido. Suas pernas estavam abertas e no meio delas estava um prato de rosquinhas de copo e um copinho de achocolatado (insira aqui sua marca favorita. Não estou sendo paga para divulgar nada). O pequeno sergipano segurava um Nokia contra a sua orelha enquanto falava in kid.

— Mainha, amanhã vai tê umas brincadeiras. Vai tê pipoca, amalelinha, pula-pula. Pá cumê é pipoca, — caso ainda não tenha ficado claro, vai ter pipoca no rolê — abubão doce.

— Algodão doce Gipinho. — Disse Buco por trás da câmera.

— Abundão doce. — O pernambucano não conseguiu conter a risada — Que dizer, adubão. Hooo, aduba, adubão. — Gipe se voltou o olhar para PE — Eu não sei o nome não. Esqueci o nome. 






N/A: Eu sei, eu sei. Foi meio curtinho, mas foi feito com muito carinho para vocês. Lembrem-se de votar, comentar e deixar sugestões para skethes que vocês gostariam de ver.

Hidratem-se e comam coisas saudáveis! Até mais!

Essa família é muito unidaOnde histórias criam vida. Descubra agora