[12] Cartas na mesa

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Capítulo não betado.

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Boa leitura.

Yoongi

Hospitais me trazem uma paz peculiar. Um fato questionável, mas inevitável. 

No início da minha adolescência, desenvolvi fobia social. Estar em um ambiente com mais de três pessoas falando ao mesmo tempo era um tormento. Foi também nessa época que contrai pneumonia bacteriana, e o hospital passou a ser meu novo lar por um tempo. Apenas mamãe permanecia no quarto. As visitas eram breves, limitadas a duas ou três pessoas, e o médico não ficava por mais de dez minutos.

Após a alta, tentei me machucar várias vezes para poder voltar.

Mas outra pessoa teve essa sorte.

Enquanto o som ritmado do monitor cardíaco reverbera sobre o quarto, encaro o corpo imóvel sobre a cama hospitalar. Os fios negros espalhados pelo travesseiro, a pele pálida contrastando com os lençóis branco e o braço magro pendendo sobre a barriga. Seus olhos estão fechados, mas sei que ali estão as esmeraldas como as de Edwina. 

O homem naquela maca poderia ser comparado a um ovo usado. Não restam fragmentos do que ele foi por dentro, apenas uma casca vazia. E embora saiba disso, essa continua sendo minha rotina desde que o vi levantar a mão contra minha mãe pela primeira vez. 

Desde que seu crânio encontrou o azulejo frio da cozinha. 

Dia após dia, venho ao hospital e encaro o homem que foi um pai carinhoso, mas um marido detestável. Venho em busca de sentir. Raiva, medo, tristeza. Mas tudo o que consigo fazer é encarar aquela casca vazia com uma expressão impenetrável. 

— O que eu deveria fazer? — sussurro, inclinando-me sobre seu rosto. — Deveria dizer que te amo ou que te odeio? Deveria pedir para que fique ou para que vá? — Minha mão desliza pelo rosto dele, descendo pelo pescoço, sentindo o frágil pulsar da vida. — Deveria terminar o que comecei, papai?

A única resposta foi o silêncio.

E sendo consumido por ele, finalmente deixo o quarto. 

As últimas semanas foram exaustivas. Me afastar de Taehyung doeu mais do que eu esperava. Meu corpo e meu coração ainda não se adaptaram à ausência de Hoseok. 

Depois de confessar que meu coração implorava por um outro alguém, vi o meu amor caminhar em direção aquela porta com a determinação de nunca mais voltar para mim. E sendo dominado pelo medo de perder a razão da minha felicidade, quis correr até ele e dizer que esqueceria qualquer vontade momentânea que tivesse meu coração. Mas ao entender verdadeiramente meus sentimentos, soube que jamais conseguiria. 

Hoseok não conseguiu. 

E pensando nas duas pessoas que se recusam a deixar a minha mente, não imaginava a enxurrada de acontecimentos que viriam a partir do momento que passei por aquela porta. 

Ao ver Taehyung em cima de uma cama de hospital com o rosto inundado por lágrimas, tive a certeza de que meus sentimentos iam muito além de uma simples paixão momentânea.

Matéria Encruzilhada :: taeyoonseokOnde histórias criam vida. Descubra agora