[13] O início

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Boa leitura!

Taehyung

— Eu não consigo.

É o que digo pela quinta vez somente nesta manhã. A dor de cabeça lateja devido ao olhar fixo no monitor à minha frente, enquanto penso nas consequências de publicar um texto que ainda sequer possui a primeira linha. 

Desvio o olhar do notebook e encaro Jimin, que apoia os cotovelos e os dedos dos pés no chão.

— É claro que não consegue — afirma, fazendo uma careta enquanto gotículas de suor escorrem pelo rosto corado. — Porque te falta ódio — a última frase saiu como um grunhido antes do loiro desabar no chão. 

Suspiro.

Sempre achei melhor pensar que nada na vida surge casualmente. Que tudo acontece por alguma razão, de todo caso, boa. Mas, confesso que, depois das últimas semanas, parei de seguir essa lógica, já que não encontrei o lado bom de todo o caos que se instalou na minha vida. 

Uma semana se passou desde o acidente, e minha coxa finalmente apresentou melhoras. A roxidão foi embora, assim como a dor. Recebi visitas de Jin e Isabella, então, com toda a certeza, cuidei bem do meu ferimento. Ainda tenho mais uma semana de atestado médico, mas preciso urgentemente voltar ao ritmo e distrair minha mente com algo. 

Ter muitas horas vagas me fez pensar demais, e desde então, penso em tudo o que aconteceu.

Aquele beijo.

O maldito beijo.

Depois de ver aquela foto, só tinha uma certeza: não queria vê-los.

Então pedi que Jimin avisasse para que não liberassem a entrada de nenhum outro visitante no quarto. O celular de Hoseok foi entregue à recepção, e as mensagens que recebi de Yoongi no decorrer dos últimos dias não foram sequer visualizadas. 

— Acha que ele sabia? — olho para Jimin, receoso. — Acha que Yoongi sabia que Hoseok é o meu ex?

Jimin ainda está deitado no chão, recuperado o fôlego dos minutos de prancha. Então, o loiro senta-se, encostado no sofá.

— Lindo, seria muito coincidência, não? O cara tava no mesmo hospital que o putão lá tava. Depois estavam quase se comendo no corredor. No corredor do hospital onde você estava internado — Ele passa um pano sobre a testa, então me encara — O Yoongi nunca te questionou nada?

Eu estava pronto para negar. Negaria, pois Yoongi nunca sequer mencionou o nome de Hoseok em nenhuma de nossas conversas. Mas então, veio à mente a primeira vez que conversamos no bar do Joe.

"Por acaso você já estudou na Stafford House Boston?"

Soltei a caneta que tinha em mãos. O som da bic caindo no vidro veio acompanhado da minha risada. Inclinei a cabeça para trás e gargalhei. Lágrimas deslizavam pelas minhas bochechas, mas não eram resultado da diversão.

Pois não havia diversão.

— Jimin, lembra daquela vez que te procurei depois de sair daquele motel? — comecei, com a voz embargada. Apesar de não encará-lo, sabia que os olhos do loiro sentado do outro lado da sala estavam fixos em mim. — Eram quatro horas da madrugada. Seus pais estavam dormindo, mas você estava acordado esperando uma mensagem minha, pois nunca confiou em Hoseok. Você abriu a porta e me viu. Eu estava em cacos. E então você me abraçou, e ali mesmo, na porta de sua casa, eu disse que preferia a morte do que me apaixonar novamente — solucei. — Jimin, eu não estava errado…

Minha visão estava turva pelas lágrimas, então só percebi que Jimin vinha em minha direção quando já senti seu toque acolhedor em minhas costas. Ele se ajoelhou entre minhas pernas e novamente me abraçou como anos atrás, sem se importar com os cacos.

Naquele dia, na escada, Yoongi sabia o motivo da minha dor. Ele, assim como todos os outros funcionários, viram Hoseok passar pela porta daquela revista. Ele me ofereceu um lado do seu fone de ouvido, me consolou, me rejeitou, e provavelmente depois foi deitar-se com a minha dor.

Ele fez tudo, menos me contar a verdade.

Não era um novo sentimento. Ser enganado. Yoongi não me devia nada, nem sentimentos. Mas não imaginei que ele seria tão cruel ao ponto de brincar assim comigo. De mentir.

Jimin ficou em silêncio. O único som que ecoava pelo apartamento era dos meus soluços contínuos. Mas quando os mesmos foram diminuindo, senti a mão do meu melhor amigo em meu queixo, onde ele impulsionou para erguê-lo, fazendo-me encará-lo.

— Está apaixonado — concluiu, por fim.

Assenti.

— Estou.

O loiro me analisou por um tempo, então disse:

— Não publique a matéria.

Encarei-o, confuso.

— O quê?

— Não publique essa porra, Taehyung.

— Você quem trouxe aquela foto até mim, Jimin.

— Porque pensei que esse teu lance com o Yoongi não passava de uma foda! Caralho, lindo, você tem sentimentos por ele, assim como ainda tem sentimentos por Hoseok. Publicando essa matéria, você só vai se afundar mais.

Aproximei meu rosto do dele, com o olhar morto, mas com um leve sorriso no canto dos lábios.

— Você sabe que não vou descansar até publicar essa matéria, não é?

Jimin me encarou com um olhar sério por um tempo, depois desviou, respirando fundo ao jogar os fios loiros para trás.

— E você sabe que eu só não quebrei a cara do Hoseok naquela época porque me implorou para simplesmente deixá-lo ir embora, não é? — rebateu, aproximando-se até ficar com o rosto a centímetros do meu. — Só quero que saiba uma coisa, Taehyung: se aquele cara voltar a machucar você, não vou me importar com o quanto você implore. — Então, levantou-se e caminhou em direção ao quarto. — Faça o que quiser — disse, por fim.

Continuei a encarar o chão até escutar a porta do quarto bater. Logo depois, desvei o olhar para o notebook em cima da mesa.

Não há mais receios quando sento de frente para minha fonte de produção e começo a digitar sem pausas.

Desta vez, quando apertei em "publicar", sorri.

— Vamos ver quem brinca melhor.

— Vamos ver quem brinca melhor

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Matéria Encruzilhada :: taeyoonseokOnde histórias criam vida. Descubra agora