[07] Coração bandido

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Acho que esse foi o melhor capítulo que escrevi até agora.
Deve ser pq eu amo um sofrimento.

Boa leitura.

Hoseok

Yoongi estava estranho.

Desde a última vez que passei a noite em seu apartamento, a uma semana atrás, percebi o quanto estava distante. Toda vez que tento agradá-lo de alguma forma, ele não permite. Sempre que digo que o amo, seus olhos se recusam a encarar os meus. Agora, enquanto dirijo a caminho da hopedance, penso no porquê dele ter chorado noite passada assim que terminamos de fazer amor.

Não questionei os seus motivos, pois achei que talvez fosse o acúmulo de estresse causado pela nova rotina de trabalho. Mas tudo isso está me fazendo questionar demais, e esses questionamentos me trazem medo.

Será que ele ainda me ama? Será que essa maldita matéria conseguiu mesmo acabar com o meu relacionamento?

Estaciono o carro em frente ao prédio de cinco andares, cumprimentando a todos na recepção ao adentrá-lo. Esse local não passava de um restaurante abandonado no qual algum filho tinha herdado depois do falecimento do pai. Era o mais barato na época, então comprei, reformei e transformei no que hoje chamo de minha segunda casa. E a segunda casa de muita gente que também é apaixonado pela dança.

Caminho em direção ao elevador, mas paro assim que vejo Oliver. O garoto que chegou no estúdio há pouco mais de um ano está sentado no banco de espera enquanto tem a cabeça baixa. A primeira vez que Oliver entrou na minha sala, consegui ver o Hoseok de sete anos atrás em seus olhos curiosos. O rapaz que passava horas ensaiando em um auditório para passar na academia dos sonhos refletia no garoto de quinze anos, também amante da dança. Mas, ultimamente, venho sentindo falta de toda a sua energia.

Caminho em sua direção, sentando ao seu lado. 

— Ei, garotão, sua aula não é só depois das duas? — pergunto, olhando para o relógio em meu pulso.

Oliver vira a cabeça para o outro lado, parecendo secar algumas lágrimas que caem.

— Só estou passando o tempo.

Assinto, encarando o quadro na parede da frente.

— Sabe, antes eu passava o tempo cansando o meu corpo. Quando algo me chateava, entrava numa sala qualquer e dançava até os meus ossos doerem — Ainda olho para frente, mas sinto os olhos de Oliver sobre mim. — Em um desses dias, torci o meu tornozelo. Continuei chateado, só que um chateado com o tornozelo fodido. Moral da história? Não espere que alguém sente do seu lado e lhe diga palavras de conforto.

Oliver sorri, e novamente a sensação de já ter visto esse sorriso retorna.

Mas o sorriso some dos seus lábios aos poucos, e ele volta a encarar suas unhas pintadas de preto. 

— Mamãe está namorando uma mulher.

— E o que te incomoda? Sua mãe estar namorando ou sua mãe estar namorando uma mulher?

— Me incomoda que o papai tenha ido embora — a frustração e a raiva é evidente no seu tom de voz.

Umedeço os lábios, apoiando o meu cotovelo sobre a coxa ao tentar olhar para o seu rosto que permanece baixo.

— Oliver, a maioria das pessoas tendem a fazer escolhas sem ter ideia do quanto essa escolha pode afetar na vida de outra pessoa. Infelizmente, não temos controle sobre isso. Seu pai fez a escolha dele, sua mãe está tentando ser feliz, e você… — Levo a mão até o seu cabelo, onde bagunço os fios castanhos levemente ondulados. — Você também merece ser feliz, garoto. 

Matéria Encruzilhada :: taeyoonseokOnde histórias criam vida. Descubra agora