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Soraya Thronicke:


Três da manhã e eu me encontrava no chão do banheiro de nosso quarto, chorando feito uma criança que se vê sozinha em casa sem os pais por perto para lhe proteger, acordei assim após um novo sonho com meu primeiro filho.

_Simone_ resolvo chamá-la.

Eu não sei exatamente o que sinto, mas há algo bom diante de todo esse choro insistente, talvez seja pelo fato de eu já ter chegado aos sete meses, por ter passado do mês em que perdi meu primeiro filho, é um misto de emoções.

_Ei filha_ falo com deusdete que chega ali.

Fico fazendo carinho na deusdete enquanto tenho a outra mão na minha barriga já bem crescidinha, eu havia conseguido passar da fase onde vivi repleta de medo, eu havia conseguido, Cecília está mais perto de chegar ao mundo e nos conhecer.

_Soraya? amor?_ escuto ela me chamar.

_Banheiro amor_ digo com a voz pesada de choro.

No outro segundo após ter respondido Simone, ela aparece ali na porta do banheiro, toda essa minha confusão, medo, deixou ela em alerta, não queria causar isso, mas ela está aqui, como sempre prometeu, na saúde e na doença e tudo mais.

_Ei, o que houve? o que está sentindo?_ ela se agacha.

_Tive um sonho_ sussurro.

Me surpreendo pela força de Simone quando ela me pega dali do chão e me leva até a cama de volta, e veja que estou mais pesada ainda, pois há o nosso frutinho aqui dentro de mim, nossa Ceci.

_Me conte esse sonho e o que te fez parar ali_ pede.

Minhas pernas são esticadas por ela e colocadas sobre suas coxas, onde ela inicia um carinho bom, respiro fundo e enxugo mais algumas lágrimas que desceram, mas logo começo a contar em detalhes sobre o sonho e ela vai me ouvindo atentamente, até eu me calar e a gente ficar se olhando.

_Você conseguiu amor, veja só onde estamos_ ela diz e põe sua mão na minha barriga.

_Sim, conseguimos_ digo e coloco a mão sobre a sua.

Nos surpreendendo, vemos deusdete subir a pequena escadinha que há na lateral da cama e vir até nós, indo para cima do colo de Simone, e logo colocando sua patinha sobre nossas mãos que ainda está sobre minha barriga, a cena nos emociona e eu choro outra vez, de completa felicidade.

_Até ela está feliz que você conseguiu_ Simone diz.

Fomos pegar no sono já por volta das quatro e pouquinha da manhã, com Simone atrás de mim me fazendo carinho e sussurrando coisas boas em meu ouvido, havia outra coisa melhor do que essa de agora? Deus me deu o presente mais lindo naquela faculdade, a Simone.

_Oi filha, bom dia_ desperto com sua voz rouca.

Sorrio mesmo de olhos fechados, e como de costume eu resolvo ficar ouvindo a conversa de Simone com nossa bebê.

_Sabe o que acordei planejando filha? te levar para passear nos fins de tarde de domingo_ ela diz baixinho.

Sinto segundos depois algo pingar sobre minha barriga que está descoberta, como ela costuma deixar para conversar e fazer seus carinhos.

_Seu avô fazia isso com a mamãe sabia? ele ia amar fazer isso com você também_ sussurra.

A voz de Simone fica ainda mais rouca quando percebo que ela está segurando a vontade de chorar, resolvo lhe olhar, seus olhos estão vermelhos e beirando lágrimas, as lembranças sobre seu pai mexem muito com ela.

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