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Simone Tebet:


_Quando você se viu apaixonada por mim?_ olho para ela após sua pergunta.

Nem foi preciso eu pensar tanto ou muito para ter e lhe dar uma resposta, pois a resposta já existe e está na ponta da língua para ser proferida, sorrio, olho pra ela ainda com o mesmo sorriso ao lhe ouvir fazer a pergunta, levo a mão em seu rosto, é como se eu estivesse nesse exato momento revivendo aquele dia.

"Aqui, consertado e novinho"

Lhe entreguei dentro de um estojo próprio de óculos, havia pego do escritório do meu pai sem que ele visse, só para ser entregue a sol com mais cuidado, e foi ali, vendo aquele brilho nos olhos dela, aquele sorriso largo e embora tímido ao mesmo tempo, que me vi apaixonada pela primeira vez.

Soraya foi o toque em minha pele sem o uso de suas mãos, foi a doçura em pessoa, o som mais gostoso de se ouvir vinha de sua gargalhada, a qual escutei e me encantei de primeira, ela foi amor antes mesmo de eu experimentar.

"Veja, você fica bonita com ele"

Logo aquele sorriso tímido apareceu, eu mesma havia feito questão de colocar o óculos nela, lembro bem que me afastei para lhe olhar melhor, foi também o momento que parei para analisar ela por completo, e ver o quanto ela era linda, assim como é até hoje.

"Posso ser sua companhia?"

Perguntei enquanto íamos andando por aquele corredor cheio de alvoroço dos outros alunos, ela aceitou, e assim, eu fui com ela para o refeitório, pois foi nesse momento de pausa para lancharmos que eu a encontrei pela primeira vez no dia, já que eu tinha chegado atrasada naquela manhã.

E sim, eu lembro de tudo com cada detalhe, lembro que segurei seus livros enquanto ela levava sua bandeja para a mesa, lembro de ter ficado de frente pra ela durante todo o tempo, lembro de lhe acompanhar de volta até sua sala depois.

"Boa aula, te vejo na saída"

Falei a ela, em seguida, ali mesmo na porta de sua sala de aula, eu deixei um beijo em seu rosto, a vermelhidão que apareceu em suas bochechas foi uma graça, dali segui para minha sala, com um sorriso tolo no rosto, era evidente a minha paixão, mesmo antes de eu contar sobre ela.

_No dia que fui entregar seu óculos_ digo a sol, ela logo sorri.

_Você pegou o estojo do seu pai, não foi?_ ela pergunta ao lembrar.

Concordo com uma risada que é acompanhada por ela também, e novamente volto para aquele mesmo dia, na sala de aula, me vi contando os minutos só para eu poder vê-la antes dela ir pra casa, e quando o sinal tocou, eu fui a primeira a sair da sala, passei pelo meio daqueles vários alunos, desci para o outro andar as pressas.

Toda essa minha euforia tinha um motivo, e se chamava Soraya Thronicke, eu poderia chegar até ela e dizer que estava apaixonada, mas pensei melhor e tinha de ir com calma, afinal, tinha somente uma semana que nos conhecíamos naquele momento ainda, mas com isso, com minha espera para o momento certo, deixei o tempo passar.

"Como, como eu vou fazer isso? não posso estragar o que estamos construindo"

Meu medo me impediu de me declarar em várias vezes que estivemos juntas, não sei como eu era vista por ela no decorrer dos dias, mas eu já a via como minha grande paixão, mas eu a escondia, e escondia até de mim mesma para não estragar, como assim pensei, a nossa linda amizade.

"Não vai me dizer que não gosta de ninguém da escola?"

Ela me perguntou enquanto voltávamos para casa, naquele dia íamos a pé mesmo, por mais que eu tivesse condição, quis lhe fazer companhia até no busão que ela pegou durante o caminho, ali sentada lado a lado, enquanto o motorista seguia seu trajeto, nós conversámos sobre namoros.

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