⁠❥⁠˙| 𝐂apítulo 7; 𝐋embranças Indesejáveis

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— Senhor Douma? — Yuki questionou, talvez, pela terceira vez seguida. — O senhor está bem? 


— Sim... Eu estava apenas pensando um pouco. — Admiti. 


— Não se esforce demais senhor, até mesmo os pensamentos podem nos cansar. — Ela advertiu, caminhando até outro cômodo e me deixando sozinho com meus pensamentos. 


 Tenho plena certeza disso. Estava de dia, e apesar de esse ser um horário perfeito para dormir, eu simplesmente não conseguia. Algo me impedia, mas o que mais me irritava era não saber dizer o que era. 


 Nana ainda não havia chegado. Teria certeza de que ela iria refutar as minhas ordens se não fosse pelo fato de eu ser um "deus". Ninguém refuta as ordens de um deus. Principalmente quando esse deus se trata de mim. Mas não importa, irei mata-la assim como fiz com todas as outras, é apenas questão de tempo. 


 Me levantei da almofada e caminhei até a pequena biblioteca, procurando imediatamente por artefato específico. Uma flor de lótus. A mesma flor que ela segurava no momento que descobriu o que eu sou, o "monstro" que eu me tornei. A flor se encontrava descansando em um pequeno vaso com água em cima de uma mesa ao canto. Mesmo essa flor estando viva depois de todos esses anos, posso perceber que suas pétalas rosadas em diferentes tons começam a dar sinais de que irão murchar. Mas só agora volto a ter certeza de algo. 


 Não deveria ter guardado ela. 


— Senhor, — Yuki anunciou. — Nana chegou. 


 Deixei que um sorriso mínimo surgisse e voltei ao cômodo principal. 


 Cabelos extensos e brancos como a neve presos em um rabo de cavalo desajeitado; olhos verdes e astutos como as árvores olhando tudo ao redor como se fosse um animal recém pego em uma armadilha; corpo pequeno e delicado coberto por roupas um pouco desgastadas. Hazegawa estava realmente ali. Infelizmente não fugiu. 


— Bom dia senhor. — Disse assim que me viu, e se curvou levemente na minha direção. — Vim cedo assim como o senhor pediu. 


 Eu deveria lhe dizer para apenas acompanhar Yuki em suas tarefas, afinal era isso que eu havia dito que faria no dia em que ordenei que viesse trabalhar aqui, mas uma vontade maior em mim decidiu fazer algo diferente. Iria fazê-la pagar por ter me deixado sozinho naquele lago. 


— Me siga. 


 Ela arregalou seus olhos por um momento, mas logo se recompôs e me obedeceu. Seguimos caminho até a biblioteca, onde abri a porta e observei, com divertimento, suas feições se contorcerem. 


— Limpe tudo, e reorganize os livros. Não leia nada e muito menos mecha em algo que não foi lhe ordenado. — Ordenei antes de deixá-la sozinha ali. 


 Segui para o quarto, pensando no tempo que ela demoraria para terminar de limpar aquilo tudo. A biblioteca estava uma bagunça, Yuki não a limpa por conta de sua idade avançada e agora que achei alguém a altura do trabalho, irei aproveitar ao máximo. 

𝐌𝐈𝐍𝐇𝐀 𝐑𝐄𝐃𝐄𝐍ÇÃ𝐎 ❥ 𝐃𝐎𝐔𝐌𝐀Onde histórias criam vida. Descubra agora