Capítulo 2

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Feliz aniversário, sua fodida!

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Feliz aniversário, sua fodida!

Saí do carro, preparada para a metralhadora de parabéns ambulante: Mina Ferguson. Ela foi a primeira a vir falar comigo, saltitante feito uma pipoca. Seus cachos pareciam especialmente bonitos naquela manhã, contrastando lindamente com sua pele negra, e os olhos azuis brilharam ao me entregar uma tiara com a frase ''birthday girl''. John veio caminhando sem pressa, daquele típico jeito largado, com os olhos caídos de quem fumou um baseado. 

— Parabéns, gatinha. — Beijou minha testa. 

Forcei um sorriso, desantenada. Havia dormido menos de duas horas. 

— Você sabe que não vamos ficar aqui, certo? 

— Eu prefiro ficar, Mi. 

Ambos reviraram os olhos, já andando para fora do colégio e me tirando o poder de escolha. Paul, namorado da minha amiga, aguardava sobre o capô do meu carro. Odiava que fizessem isso, mas deixei passar. Eles tinham boas intenções, eu não bancaria a chata. Mesmo que não estivesse afim de comemorar aquela data. 

Eram apenas dezenove anos. 

— Então? — Indaguei, no banco do carona. 

Meu namorado ia dirigir. 

— Preparei um piquenique, eles só vieram de escorados. 

Paul enrugou a testa, encarando-a. 

— Se tivesse pedido, eu teria ajudado. — Murmurou. — E não sou escorado. 

Ela suspirou, sem dar corda. Sentiria pena do garoto, se ele fosse fiel e parasse de puxar o saco do pai babaca dela. Na maioria das vezes, torcia para a Min ser mais traiçoeira. Ela era maravilhosa e sua amizade valia bilhões, mas nem só de bondade se vive. Odiava ser intrometida, daí nunca perguntei, embora tivesse certeza que ela amava outra pessoa.

Certos olhares contam segredos intensos. 

Nós quatro permanecemos calados, até chegarmos perto da divisa entre Lockelville e West Chapel, a cidade onde o irmão do John morava e fazia faculdade. 

Ajudei a Mina a estender uma grande toalha em cima da grama. Ela tirou sanduíches, docinhos, suco, refrigerante e um bolo lindo da cesta. Da mochila, tirou vodka e uma lata em formato de coração com baseados dentro. Eu sorri, me sentindo querida. 

A data não precisava ser tão apagada. 

— Obrigada por tudo isso, amiga.

Ela balançou a mão, dando pouca importância. 

Sentamos e começamos a comer, beber e fumar. Na verdade, eu não gostava de maconha — ou de cigarro normal —, mas nublava os meus pensamentos. Quando pensava demais, igual durante a madrugada, ficava triste. Além do comum. 

— Eu te amo, loira. — John sussurrou ao pé do meu ouvido. 

O beijei, necessitada de outra distração. Ele retribuiu, sedento, e só o que nos afastou foi uma tosse fingida. Mina fez uma careta desdenhosa. 

Amados destroçosOnde histórias criam vida. Descubra agora