Capítulo 16

3 0 0
                                    

Observei o computador, entediado, enquanto criava um código

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Observei o computador, entediado, enquanto criava um código. Após algumas semanas que consegui o estágio, já não estava exatamente empolgado. O importante é que pagava bem e, sobretudo, namorar a Hannah fez maravilhas ao meu humor. Passamos a tarde de sábado e o domingo inteiro juntos, realizando vários nada. E a conversa com os meus pais foi adiada. Domingo à noite, quando voltei para casa, só encontrei meu irmão de bico no sofá. Ele gritou ''juiz filho da puta!'', mas estava incluído no xingamento. Nossa mãe se absteve de novo. 

Preferi ignorar e vim cedo para West Chapel, de carona com a Siena, que ia comprar os remédios da avó, Dalila. 

— Ai, chega. 

Só não chutei tudo por questões monetárias. 

Abri a gaveta, peguei o pacotinho e a seda, e comecei a bolar um baseado. Eu nem gostava de fumar, mas (1) estava estressado, (2) triste pelo descaso dos meus pais, (3) conversar por mensagem não matava a saudade. Esse era o item mais importante da lista de reclamações. 

O Conan estaria me chamando de panaca. Ah, sim, ele mudou mesmo. Droga, eu sinto falta dele?! Nos víamos todos os dias, mas era diferente, e eu tinha medo de quem seria o novo colega de quarto. 

Soprei a fumaça, reflexivo, até escutar batidas fortes na porta. Meio que torci para ser uma surpresa da Hannah, como nos filmes românticos, mas acabara de ver uma foto dela no ensaio das líderes de torcida. Amava e odiava o uniforme. 

— Você? — Fiz uma careta; as expectativas foram esmagadas. 

— Mamãe ia gostar de te ver chapando. 

Daí o moleque foi entrando, julgando o quarto e agindo como o dono do lugar. Segurei a porta aberta, tentado a expulsá-lo. Apaguei o beck. 

— Tô trabalhando. — Suspirei dramaticamente. — Você nem sabe o que isso significa. 

Ele uniu as sobrancelhas. Parado no meio do cômodo, inquiriu:

— Por que quer ela? 

— Sou apaixonado por ela. — Corrigi, mordaz. 

John esquadrinhou o meu rosto, procurando alguma coisa, e logo começou a rir. Quem o visse, acharia que eu tinha lhe contado a maior piada da história do universo. Senti vergonha por ser irmão dele. Tristeza por saber que nossos pais deixaram de ser liberais e viraram permissivos. 

— Acabou? — Grunhi, ao vê-lo limpar uma lágrima. — Tenho mais o que fazer.

— Mano, isso não pode ser sério!

Nós não nos chamávamos por apelidos nem em épocas festivas (não dos bons). Há sete meses, no aniversário do nosso pai, ele tacou açúcar no meu prato. Eu taquei pó de mico nas roupas dele, três dias depois. 

— A loira é gatinha, eu entendo, mas a vida deprimente dela vai te cansar. 

— Você tem dezoito anos e acha que é perigoso, garoto. 

Amados destroçosOnde histórias criam vida. Descubra agora