Capítulo 17

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Eu deveria saber

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Eu deveria saber. 

Vem fácil, vai fácil. 

Certo, a Hannah não veio com nenhuma facilidade, mas parecia ter escorrido pelos meus dedos feito areia. Ela visualizou apenas a primeira mensagem, que enviei três dias atrás, e as outras foram respondidas com um silêncio amargo e inexplicável. Toda a felicidade por causa dos nossos encontros desapareceu. E eu tentava ser compreensivo, juro, só que é difícil criar justificativas para uma pessoa, quando nem a própria se esforça para justificar. 

Sabia que nada trágico havia acontecido, então só restava ser racional. Fui rejeitado, talvez eles tivessem reatado e ela não soubesse como me dizer, pois era legal demais para ser sincera. 

Eu tava um caco. 

— Filho, me passa a salada?

Ah, também estava no almoço de domingo. Pelo visto, a sobremesa seria torta fria de climão, com cobertura de desconforto. 

— Aqui. — Entreguei a vasilha, resignado. 

— Vamos assistir o jogo mais tarde?

Esquadrinhei o rosto dele, desinteressado. Todos pareciam ter decidido fingir que nada aconteceu. 

— Vai sair hoje, John? — Nossa mãe entoou, doce, e segurei um revirar de olhos. — Gostaria que me ajudasse a pintar o quarto de hóspedes. 

Ri, internamente. 

— Vou jogar com uns amigos, mãe, desculpa. 

No dia que aquele moleque abdicasse das próprias ''prioridades'', em prol de outrem, eu viraria um tamanco florido. Ela me encarou, bancando a coitada, e fez a pergunta esperada:

— Pode me ajudar, querido?

— Não. 

Ela crispou os olhos, mas manteve o sorriso. 

— Vai sair? 

Só balancei a cabeça, pondo uma garfada de comida na boca. Terminamos a refeição naquele clima moribundo, após o meu pai avisar que iria ajudá-la, e saí sem arrumar louça e mesa nenhuma. Eu voltaria a ser o filho prestativo, assim que eles encerrassem aquela encenação patética e conversassem comigo, sem gritos ou proibições sem valor. Fui tomar banho para esfriar a cabeça, verificando as notificações pela enésima vez. O vácuo seguiu firme e intacto. 

Fora do banheiro, encontrei a peste. Ele estava encostado na porta do quarto, arrumado demais para ver os amigos, e sem a mínima ideia de como eu queria lançá-lo num vulcão ativo. 

— Já levou um pé? 

Enrijeci as costas. A voz pingando deboche me irritou ainda mais. 

— Eu vou te descer a porrada. — Alertei, ríspido. 

Amados destroçosOnde histórias criam vida. Descubra agora