Capítulo 6

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Abri os olhos e me deparei com o teto azul do motel

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Abri os olhos e me deparei com o teto azul do motel. Após o jantar, onde John me bordou de elogios, esfuziante, nós fomos para lá e transamos como quando éramos “apenas colegas”. Foi sem pressa, delicado, gostoso, e não sabia mais se estava brava. 

As pessoas brigam, uma relação tem fases. Não significa que é preciso terminar, basta respirar fundo e analisar a situação, contanto que ainda haja amor, dá para resolver. O braço ao redor da minha cintura, comprovava que fiz a escolha certa. 

Por que ele teria se esforçado tanto, se não me amasse mais? 

— Tá cedo, volte a dormir. — Beijou meu pescoço. — Por favor, princesa, vamos descansar mais um pouco. 

Ri, assentindo. Não consegui cair no sono, mas lhe dei uma folga por ter sido ótimo. Ademais, o calor dele atrás de mim era agradável. Diferente do irmão mais velho, seu toque não transmitia segurança, e talvez devesse considerar tal constatação quando sentisse o cérebro limpo. Aí o cheiro de maconha já teria evaporado. 

Um som estridente cortou o momento idílico, igual a um escritor apagando partes inúteis da narrativa. 

Incomodada, tateei e peguei o celular em cima do aparador. O Paul estava ligando. Atendi antes que a ligação caísse e entreguei o aparelho ao loiro sonolento. 

— O que houve? — Esfregou minhas costas, preguiçoso. 

Como estávamos grudados, escutei a voz grave perfeitamente, formando um bico no exato segundo. 

— Minha mãe vai viajar hoje, daí pensei em fazer uma reuniãozinha. 

Tradução: muita droga e vodka. Eles esqueceram as nossas idades?

Frustrada, levantei e fui para baixo do chuveiro frio, lavando a esperança e a emoção terna de minutos atrás. Era sempre assim. John demonstrava que possuía capacidade para ser melhor, prometia mudar seus hábitos, ficávamos, ele declinava e voltávamos aos silêncios e batalhas de nada. O seu humor mudava constantemente, suas decisões não eram confiáveis, e aquela inércia que odiava seguia em mim

Feito uma sombra com o peso de uma bigorna. 

Saí do banheiro, nos vestimos e fomos buscar nossas coisas na casa de seus pais. 

Durante o trajeto, me questionei pela milionésima vez: por que continuo ao lado de alguém inconstante? As trocas feitas de última hora, os problemas sem solução, as conversas inacabadas, tudo vinha parando de ter graça. 

— Te amo. — Sorriu, descontraído. 

Ele interpretava minha insatisfação como uma piada. 

— Também te amo. — Respondi, incerta. 

Ganhei um selinho.  

Quando passamos pelo corredor, olhei para o quarto do meu cunhado, que deixou a porta aberta. Havia uma escrivaninha em frente à janela, uma folha sobre ela. Deu vontade de entrar e ver o desenho direito. Eram íris brilhantes, castanhas, bonitas. Verdadeiros espelhos para a alma. 

Amados destroçosOnde histórias criam vida. Descubra agora