Capítulo 1

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''Joguei'' o notebook para escanteio, frustrado; às vezes, cursar engenharia de sofware se mostrava uma péssima escolha

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''Joguei'' o notebook para escanteio, frustrado; às vezes, cursar engenharia de sofware se mostrava uma péssima escolha. O professor de design e interação já tinha enjoado da minha cara, e eu de ouvir como o trabalho estava ruim pra cacete — com palavras educadas. O último mês amassou meus neurônios. Provas, trabalhos, apresentações, justificativas meia-boca para não ir para casa. 

Faculdade só podia ser uma forma do governo internar mais gente. 

— Ainda empacado no trabalho do Foster?

Balancei a cabeça. E comecei a refazer. Calma, concentra... se joga da ponte. 

— Sua gata tá namorando outro. — Interrompeu, o mala. — Por que não vai ver ela? 

Travei por um minuto, encarando a tela vazia. Minha última namorada foi uma ex -vizinha, Priscilla, e não tivemos um namoro digno nem de uma ceninha romântica em um curta-metragem. A garota a que ele se referia, porém, ficava comigo algumas vezes por mês e se chamava Marina. Não éramos exclusivos e sequer sentíamos algo forte um pelo outro. Fiquei feliz por saber sobre seu namoro. Mas contar isso ao Conan renderia perguntas irritantes. 

— Tenho muita coisa para fazer, cara. — Voltei ao foco. 

Ele insistiu. Óbvio. 

— Você tá estranho desde o feriado. — Bocejou. — O que aconteceu lá? Brigou com o seu irmão? Conheceu alguém especial?

Inspirei, apertando o mouse como se fosse meu inimigo. Aquele adjetivo ridículo me lembrou a razão de toda a confusão e, ao que parecia, minha burrice repentina. Sempre fui excelente naquela matéria. E apenas o babaca falava do John tão despreocupadamente. Nossas brigas eram a maior merda, então qual o propósito de citá-las? E porque andava irritado igual um bicho enjaulado? 

Um atraso tornou-se motivo para xingar o universo. Meus desenhos estavam horríveis!

Soltei o mouse e desliguei o computador. Estudar é uma atividade para pessoas concentradas. Eu precisava beber ou fumar ou correr pelo campus. 

— Vai sair depois das 23h? — Uniu as sobrancelhas. 

Vesti um moletom. O quarto estava arrumado, não precisei puxar a roupa de uma pilha suja. 

— Tenho que espairecer. 

— Você vai ser assaltado. 

— Talvez eu brigue com o ladrão e tome um tiro. — Ri, mal humorado. 

Caí fora dali. Levou dois segundos para ouvir passos apressados atrás de mim. 

— Se quer morrer, precisa de companhia. 

Abri um sorriso ladino, iniciando uma corrida. Ele acompanhou depois de atar os cabelos. A Fontaine University era enorme, cheia de alunos classe média alta e alguns ricos, mas a segurança durante a noite era meio merda e você poderia perder a carteira e ganhar um murro, caso passasse por uns lugares quase sem luz. Nós éramos mais ou menos fortes e saberíamos nos defender — supondo que o bandido usasse faca ao invés de revólver (e fosse lerdo).  

Amados destroçosOnde histórias criam vida. Descubra agora