Capítulo 02

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Cada dia que eu passo com a Luiza, mais interessante ela se torna. Eu nunca tive problema em conseguir ficar com alguém, eu sou bonita, divertida e inteligente, e sei muito bem disso, mas mesmo com toda a minha facilidade em conseguir o que eu quero, com Luiza é diferente, é difícil, ela não me dá abertura alguma. Já são quase quatro meses convivendo e flertando com ela, e nada acontece. Cada vez que me sinto mais próxima dela, em segundos me sinto como no primeiro dia de doutorado. Ela sempre dá um jeito de se esquivar.

Viajar para Miami para ver meus pais é como uma pequena terapia para mim, eu já queria fazer isso há alguns dias, mas apenas nesse feriado consegui. Eu sempre passei muito tempo longe de casa viajando, eu nunca pertenci a algum lugar específico porque o mundo sempre foi minha casa. Eu poderia muito bem fazer meu doutorado na cidade onde eu nasci, mas eu sempre fujo do que parece comum porque o comum me sufoca. Por esse motivo eu saí de casa cedo, morei na California para estudar em Stanford, depois em Londres para estudar em Oxford, e teve também um tempo em Nova York enquanto não estudava, até passei alguns meses em Nova Orleans antes de voltar para Nova York de vez.

Ter você em casa é um pequeno evento. — Disse meu pai me entregando uma taça de vinho, o que me fez sorrir e beber um pouco.

Não seja dramático, pai. — Falei e ele sorriu para mim, logo minha mãe sentou ao lado dele. Meus pais sempre foram muito unidos, eu desconheço um casal mais apaixonado do que eles. Voltar para casa é bom por causa disso, estar com a minha família renova minha energia.

O que tem de novo na NASA? — Perguntei.

As pesquisas estão em fase inicial, mas eu posso te adiantar que perto da zona habitável encontramos algo como água líquida nas luas Europa de Júpiter e na Encélado de Saturno.  — Disse minha mãe com um sorriso enorme no rosto e isso me fez sorrir com ela. — O artigo ainda não foi divulgado, eu não devia estar te falando, mas você é minha filha.

Que notícia maravilhosa! — Falo animada. — Preciso ver isso pessoalmente, seque consegue? — Falei sorrindo, eles trocaram olhares.

—- Uma visita lá não vai fazer mal. — Minha mãe disse. Mordi meu lábio dando um pequeno sorriso.

E se mais uma pessoa for? — Perguntei.

Como assim, Valentina? — Meu pai pergunta confuso.

Se eu posso ver, outra pessoa pode ver também. — Falei como quem não quer nada.

Valentina, a NASA não é um parque de diversão. — Catarina me repreende.

Mas eu me divirto muito lá. — Implico e ela respira fundo. — Qual é, mãe?! — Insisto. — Preciso levar uma pessoa para conhecer a NASA e sei que você consegue isso para mim.

Quem é essa menina Valentina? — Catarina perguntou. Tomei um gole da minha bebida observando meus pais me olharem atentos.

Como sabe que é uma garota? — Me fiz de desentendida.

Você ama um rabo de saia, julgando pelo destino do passeio ela é da sua sala de doutorado e deve ser linda. — Disse meu pai me fazendo sorrir um pouco. — E bem dificil de se conquistar... — Completou.

E coloca difícil nisso, ela nem fala comigo direito, fica fugindo. — Falei em um suspiro. — O nome dela é Luiza, ela é tão louca por física quanto a gente e eu sei que ela vai amar saber o que está acontecendo lá dentro. Por favor mãe, consegue isso para gente. — Falei com a voz calma quase implorando para minha mãe e eu não sou uma pessoa que implora por nada, nem ninguém. Meus pais se entreolharam, meu pai deu de ombros e minha mãe suspirou.

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