Capítulo 13

1.3K 154 113
                                    

Eu sei que dá medo, mas é o melhor pra vocês agora. – A médica diz calma. – Se lembra quando comeu pela última vez?

Acho que eu só tomei o café da manhã.

– Quando?

– Antes das oito.

– Ótimo. Eles já estão organizando a sala de cirurgia, se quiser tomar um banho, ligar pra alguém, esse é o momento. – Ela diz firme. – Eu já volto para te buscar. Com licença. – Ela sorri simpática e se retira.

O que nós vamos fazer? – Pergunto para Luiza.

Primeiro vamos ter calma, não adianta desesperar agora. Nosso bebê está vindo ao mundo, amor. – Ela sorri. – Chegou a hora de conhecermos o Peter.

– Sim... Eu queria estar sorrindo e feliz, mas estou assustada.

– É claro que está, eu também estou, mas vai dar certo. Eu vou ligar pra minha mãe, vou pedir pra ela ir lá em casa pegar as coisinhas dele e sua também.

– Já está separado, está na...

– Na cômoda. Eu sei, meu amor. Eu estava com você. – Ela beija minha testa. – Vai dar tudo certo, se acalma.

É difícil...

Os minutos seguintes se passaram muito rápido, Luiza ligou para a mãe que prontamente fez o que ela pediu e então vieram entregar nossas roupas para a sala de cirurgia, pra mim um avental que devia ser fechado pelo lado de trás e para Luiza um pijama cirúrgico. Minhas mãos soavam a todo momento, nunca as senti tão geladas assim.

Vai dar tudo certo, nós temos uma equipe incrível para cuidar de vocês dois. – A médica diz para mim assim que sou colocada dentro da sala. Luiza fica do lado de fora esperando liberarem sua entrada.

Me ajudam a sentar na mesa cirúrgica, em seguida pedem para que eu fique assim para que a anestesista possa fazer a aplicação e esse momento me deixou bastante nervosa, sempre ouvi dizer o quão ruim era essa anestesia, que a agulha era longa e grossa demais. Junto da anestesista havia um residente que se identificou e disse que faria a anestesia em mim.

Com a cabeça bem inclinada para baixo, pude ficar observando minha barriga que mesmo com todo o tamanho que está agora, sei que poderia ter crescido muito mais. Passo minha mão fazendo carinho, pensando que esses são os últimos minutos em que nós dois estaremos realmente grudados, que ele realmente depende total e exclusivamente de mim, mas é claro que ter ele ao meu lado vai ser muito melhor.

Sinto a famosa agulha ser introduzida e realmente dói bastante, principalmente porque o rapaz fica indo e voltando com ela, como se não estivesse no lugar certo. E realmente não estava. Ele retira a agulha, se desculpa e pergunta se pode tentar novamente, é claro que eu não nego, afinal, sentir o corte na minha barriga com toda certeza é bem pior do que sentir essa agulha entrando em mim novamente.

Mais uma vez aquele processo bastante incomodativo começa, a julgar pela frase que a anestesista diz, ele até conseguiu inserir dessa vez, mas no lugar errado visto que o líquido não estava voltando. Respiro fundo quando ela pede para que ele se afaste e deixe ela fazer. Eu entendo que ele precisa aprender, mas não é como se eu fosse apenas um corpo para ele praticar.

Valentina, te peço desculpa, mas eu preciso te anestesiar e não está dando certo. Eu vou ter que repetir a aplicação, mas prometo que será a última vez. – A anestesista diz de frente para mim.

– Tá bom... – Eu não tenho escolha mesmo, colo vou negar?

Ela volta para o lado contrário ao meu, ficando atrás de mim, o residente pega o material novo e abre, logo ela começa a limpar o local. Dessa vez realmente é ela, posso afirmar pelo jeito que o dedo dela se move na minha coluna enquanto procura o ponto exato para aplicação. Tudo ali já está dolorido graças ao residente que mais parecia um cavalo.

O ESPAÇO ENTRE NÓS Onde histórias criam vida. Descubra agora