Capítulo 10 - Happily Ever After

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O capítulo de hoje contém situações que podem causar desconforto e gatilho em alguns leitores, a leitura é opcional e cabe a consciência e maturidade de cada um para interpretar o que foi escrito. A ficção imita a realidade, mas isso não significa que devemos romantizá-la.
Uma ótima leitura.

Vialenc.

O jovem rapaz estava espantado! Seus olhos esbugalhados e a sua voz que não saía da garganta eram sinais do seu desespero. Homens mais fortes que ele o seguravam firmemente pelos braços e ele era levado à força e contra sua vontade sem nem mesmo ter a chance de se explicar.
Mingi seria mais uma estatística do sistema carcerário! Um jovem pobre e sem amparo que seria acusado injustamente e trancafiado por um crime que não cometeu.
Quando a voz chegou a sua garganta, ele começou a gritar, se debater entre as mãos dos militares e a surtar! Mesmo que sua reação não passasse de um mecanismo de defesa à ameaça iminente que ele estava prestes a passar.
O jovem se debatia tanto que seu surto psicótico passa a chamar atenção de quem deveria chamar e mesmo após ser jogado no chão para ser surrado. Ele não desistia de se rebelar. Um homem se aproximava da cena, seu corpo era coberto por um jaleco branco e ao seu lado um rapaz asiático mais jovem o acompanhava. Ele se aproxima dos militares e em uma tentativa humanitária tenta apaziguar a situação.

— O que estão fazendo com essa criança?

— Não se envolva doutor! Isso se trata de um caso de assassinato! Não há ninguém para o senhor tratar! O militar mais velho respondia com cordialidade, respeitando a autoridade do senhor que o encarava.

— Assassinato? Quem assassinou quem? Essa criança?! Ele não parece ter capacidade de matar uma mosca! Não tem olhar de assassino.

— Mas matou! Foi encontrado pelo companheiro em cima do morto que estava estirado no chão com a cabeça ensanguentada.

— Mas o que prova que ele o fez? O jovem rapaz se pronunciava pela primeira vez.

— Foi feita uma autópsia para saber a causa e a hora da morte? Havia mais de uma pessoa na cena do crime, além da pessoa que o acusou? Qual a garantia de que a testemunha está dizendo a verdade? Não levantaram a possibilidade de ter sido uma legítima defesa?

Os militares estavam sem respostas para a pergunta do jovem rapaz e mesmo que odiassem concordar com essa possibilidade, visto que o possível assassino foi pego em flagrante! Era estranho demais eles serem avisados na hora certa em que o jovem estaria em cima do corpo, o militar mais velho agora com a cabeça pensando melhor encarou o rapaz em silêncio no chão que permanecia com o olhar vazio. Se lembrava dele! Não tinha amigos no quartel, mas era sempre organizado com suas funções! Era o primeiro a acordar e o último a dormir, sua cama estava sempre arrumada e ele nunca faltará com disciplina em relação a seus superiores. O médico estava certo! Esta criança não tinha perfil de assassino! O homem levantou Mingi do chão, colocou em seus pulsos uma algema, mas dessa vez não o tratou com agressividade.

— Rapaz! Ouça bem... Você tem o direito de permanecer calado, tudo o que disser poderá ser usado contra você num tribunal! Levaremos você sob custódia e solicitademos uma investigação minuciosa na cena do crime.

Mingi levantou o rosto surpreso! Encarou o jovem rapaz que o olhava sem mudança de expressão e se certificou de que lembraria do seu rosto.
Os militares o levaram e antes que o jovem virasse de costas ele olhou para trás e o observou uma última vez, percebendo que o jovem sorria em sua direção. Na hora, Mingi sentiu vontade de vomitar.

ZONA 313 - YUNGIOnde histórias criam vida. Descubra agora