Capítulo 11 - Black

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O barulho da porta batendo era facilmente escutado por mim. Não esperava visitas, muita menos uma tão escandalosa que em plena madrugada batia na porta como se quisesse arrombá-la.
Eu tinha uma ideia de quem estaria por trás da porta, pensei em ignorar até que ele desistisse, mas seja lá o que tínhamos que resolver precisaria ser resolvido hoje!

— Entre! Digo após abrir a porta, o que faz com que o rapaz a minha frente me encare incrédulo.
— Pensei que você não fosse abrir! Sua voz soava como um susurro.
— Você continuaria batendo, não é?! Estou evitando a fadiga.

Ele parece se surpreender com meu tom. Me pergunto se Yunho esperava raiva ou tristeza vindo de mim.
Ele se senta na minha frente, e passa a olhar para os pés. E feito um cachorrinho que cometeu um erro ele passa a alisar suas coxas com as mãos e dar leves batidinhas no chão com seus pés.

— O que tem para me dizer Yunho?
— Como sabe que tenho algo a dizer?
— Você não estaria tão nervoso se fosse vir atrás de mim somente por "saudades".
— Como sempre, você está a dois passos à minha frente! Ele sorri.

Seu olhar se levanta e ele passa a me encarar de forma séria.

— Yeosang deixou uma carta para mim antes de morrer! Não posso te dizer se foi lida por alguém ou até mesmo manipulada! Mas parece ser algo que ele diria! Ele falou sobre você! Que apesar de odiá-lo você foi o único que tentou ajudar! Obrigado, Mingi! Eu estou sendo sincero quando digo isso! Quero me desculpar por se meter em seu passado! Eu não tenho direito de apontar por um erro que você já pagou! O mundo não é da mesma forma que era antes e esperar que haja remorso depois de matarmos dezenas de vidas para sobreviver é estupidez.

— Você pode parar com o discurso motivacional, por favor! Porque mesmo depois de tudo que falou, só consigo pensar que só veio aqui porque leu a carta do cara que te apunhalou pelas costas e que dessa forma decidiu acreditar em mim! Yunho! Você não é um santo! Você se diz humano e bondoso, mas suas decisões até agora só mostraram o quão egoísta você pode ser! A começar por me bombardear com seus sentimentos e depois me descartar como se eu fosse nada! Quer saber? Foda-se! Eu não matei ninguém! Fiquei 5 anos trancado por um crime que eu não cometi! Inclusive para acobertar o crime do cara que provavelmente te contou sobre essa história! E eu não me importo se você não acredita em mim! Por que amanhã a noite eu estarei me mandando daqui!

— Mingi... As palavras parecem não querer sair da sua boca.
— Se você começar a chorar para que eu sinta pena de você, você vai apanhar! Ele respira fundo com minhas palavras e parece tentar formular uma frase.
— Eu estou me apaixonando por você Mingi! Ele pega nas minhas mãos delicadamente e as junta em cima da minha coxa ainda as segurando. — Você está certo quando disse que eu sou egoísta! Até porquê estou te dizendo isso depois de tudo que te fiz! Mas é inevitável querer voltar para você! Afinal, você é um lar em um mundo tão solitário como esse.

Ele respira fundo novamente e solta minhas mãos, seu olhar se torna vazio e ele parece perdido sobre o que dizer a seguir.

— Maria só tem mais algumas horas de vida! Você sabe o que isso significa, não é?

Não tenho reação para sua confissão. Tudo que consigo pensar é no que viria a seguir.

— Eu vou me certificar que você saia bem daqui Mingi! Durante o tempo em que cuidei da Maria reuni alguns suprimentos necessários que nos ajudariam a sair daqui! Eles vão te manter vivo por algumas semanas!

— Por que está se excluindo disso? O que quer dizer com me ver seguro longe daqui? O que vai acontecer com você?

— Não tem como duas pessoas fugirem agora! E as horas que me restam são o suficiente para distrair Maxim e fazer com que você esteja bem longe daqui!

ZONA 313 - YUNGIOnde histórias criam vida. Descubra agora