Capítulo 12 - Still with you

39 2 3
                                    

Me afasto aos poucos de Mingi e ele me encara com uma expressão desconfortável. Seus lábios estavam formando um bico e ele tinha os olhos apertados e me encarava como se quisesse dizer "que meloso", alguns minutos atrás eu estava chorando, mas ele é tão divertido que é inegável dizer que não mexe com minhas emoções. Não sei se ele sabe disso, mas já estou a um tempo na palma da sua mão.
Depois que ele relaxou a expressão em seu rosto, passou a me encarar fixamente e por alguns minutos só ficamos alí sentados no chão frio e no silêncio, nos encarando. Ele foi o primeiro a tomar uma atitude, se levantou, se colocou ao meu lado e apoiou meu braço no seu ombro para que eu levantasse. Eu estava fraco e meu corpo doía, acho que ele sabia disso então me ajudou a caminhar. Havíamos trazido duas mochilas que era o que conseguimos carregar, ele não queria que eu carregasse peso, então como um cavalheiro se ofereceu para carregar as duas. Eu me sentia mal por não poder fazer nada por ele! Mas precisaria me conformar com isso.

Quando saímos do posto de gasolina, o sol já brilhava e era possível enxergar à alguns metros de distância zumbis rondando a região. Não sabia quais eram os limites de Maxim ou o quão longe estávamos, mas era óbvio que da mesma forma que os mortos-vivos iriam nos atrasar, valeria para ele também. A arma que Mingi carregava só tinha mais uma bala! Não tínhamos facões, tacos ou qualquer tipo de arma que pudesse nos defender, apenas a sorte e as pernas para correr.

— Qual o seu plano? Pergunto a ele.
— Você não é o inteligente da relação?
Me assusto com sua resposta, afinal ele estava sempre disposto a tomar a atitude nas decisões. Se ele não sabia o que fazer, tínhamos um grande problema.
— Não podemos esperar aqui! Não sei quantos quilômetros andou mas não vai demorar muito para que ele nos encontre! Precisamos de um carro! Digo isso e ele levanta a sobrancelha sarcasticamente.
— Eu tenho algo muito melhor para você, babe!

Sei que não era o momento para flertar, mas a palavra babe vindo da sua boca era certamente prazerosa.
Espera! Não me diga que a solução dele é aceitar a nossa sina e morrer fudendo?! Não que seja uma má idéia, mas não acho que Mingi esteja disposto a passar os últimos momentos da sua vida de quatro.

— O que há com essa expressão diabólica? Ele me olha torto. — Não me diga?! O que está pensando seu degenerado? Por que está saindo baba da sua boca?!

Ele me puxa com força pelo braço e me faz acompanhá-lo até os fundos do posto de gasolina. Quando chegamos lá, percebi que havia uma moto presa em alguns filmes e isso acendeu uma lanterna na minha cabeça.

— Onde encontrou isso? Está funcionando?
— Quando você desmaiou e eu te carreguei até aqui acabei vendo ela jogada por um canto na estrada. Voltei para buscá-la de madrugada e trouxe até aqui!
— Então vamos! Sorrio para ele.
— Está sem combustível!
— E não tem aqui, não? É um posto de gasolina!
— Você acha que se houvesse nós ainda estaríamos aqui olhando um para a cara do outro?
— E qual a sua ideia?

Ele vai por trás da moto e pega um galão de gasolina, aponta em minha direção e diz:

— Aqui está! É todo seu!
— O que quer que eu faça com isso?
— Mije!
— O que? Por que eu?
— Porque gastei toda minha água em você para que bebesse aquele maldito remédio! Então abaixe as calças e mije nesse galão!

Não pensei que seria dessa forma que ficaria sem calças na frente de Mingi, de forma humilhante, abaixei minhas calças, segurei meu pobre yuyu, que estava tão tímido, com a súbita retalhação e me coloquei em posição para fornecer combustível para nossa motinha.

— Achei que fosse maior!
— Eu não bebi tanta água assim! Foi tudo que consegui!
— Eu não estou falando do seu mijo! Seu sorriso fraudulento se exibe na minha frente e ele começa a rir.

ZONA 313 - YUNGIOnde histórias criam vida. Descubra agora