Capítulo 7 - Doin' Time

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Mingi Pov

— Qual é, por que está tão mal humorado?

A voz em questão pretencia a Gabriel, um jovem brasileiro que imigrou aos Estados Unidos com o sonho de trabalhar, sonho esse que fora interrompido pelos acontecimentos atuais. Gabriel era um dos mais normais dali, não passava dos 24 anos, o inglês era meio cagado, mas tinha uma boa aparência e era simpático. No começo, quando veio falar comigo pensei em evitá-lo, era mais fácil desconfiar do que confiar em outras pessoas.

— Não estou mal humorado. Respondo definitivamente mal humorado. — Só não quero falar hoje.

A parte de não querer falar era de fato verdade. Já faz três dias desde que falei com Yunho e novamente, nenhum sinal dele.
Eu me sentia patético por aguardar alguma resposta sua e aguardar não só por 3 dias e sim por um mês. Porra! Eu poderia simplesmente ter dado no pé a tempos, mas decidi esperar por ele e o idiota não fazia um esforço por isso. Droga! Quanto mais eu me ouvia, mais eu ia percebendo que estava ficando louco.
Não esperaria mais, essa seria minha última noite aqui! Depois disso me mandaria desse lugar com ou sem ele.

— Você normalmente já não fala muito mesmo! Parece que na maioria das vezes estou falando com uma porta! Mas agora nem a porta quer m responder? Ahhh, qual é Mingi!

— Vai dormir Gabriel, não me enche!

— Você levou um fora ou algo assim?

O encarei incrédulo. Ele não enxergava meu rosto ou algo assim? Como poderia pensar que tomei um fora.
Só dei de ombros e saí andando, ele continuou me chamando e zombando sobre sua afirmação anterior. Mas não dei muita atenção.
Talvez hoje não fosse meu dia de sorte, ou pelo menos é isso que eu estava esperando antes de avistar uma figura familiar que estava se esgueirando pelos alojamentos e tentando me evitar. Não deixei que ele escapasse! O prensei sobre a parede com meu corpo e prendi seu pescoço com meu antebraço.

— Veja se não encontrei o rato!
Sua expressão é de raiva, não há nenhuma nostalgia, somente raiva.

— O que você quer comigo Mingi?

— Porque está bancando o cientista Honjoong? O que faz na merda desse lugar.

Talvez minhas afirmações não fizessem muito sentido! Mas os fatos precisariam ser voltados a muito tempo atrás antes de tudo isso acontecer.

Há 7 anos atrás, quando eu tinha acabado de completar 18 anos fui mandado embora do orfanato em que  havia crescido, sem opção, decidi me alistar no exército americano. Não tinha terminado a escola e não havia muitos empregos que me ajudariam a se integrar na sociedade. Naquela época, eu era problemático. Arrumava confusão com qualquer um que me olhasse torto e já havia sido preso algumas vezes por pequenos delitos. No fim, minha única esperança era o alistamento! E assim fiz.
O primeiro ano foi um verdadeiro inferno! Eu fui tratado como um inseto e ser um jovem magro, problemático e asiático era sinônimo de saco de pancadas.
As coisas começaram a mudar depois de um tempo! Minha cabeça começou a desenvolver, minha altura e musculos também aumentavam o que fazia com que eu não fosse a vitima mais fácil. Mas isso não mudava ainda o fato de que eu era a porra de um coreano nos Estados Unidos, e minha vida seguiu uma grande bosta até que Hoonjoong chegou, ele estava na mesma situação! Havia acabado de sair do orfanato, mais um bebê abandonado durante uma transação de adoção na Coréia do Sul que havia dado errado. Quando o conheci pensei que ele seria minha saída do inferno. Que ele se tornaria o alvo fácil e que eu sairia de lá, mas eu estava enganado. Honjoong era inteligente! Ele conseguia manipular, ameaçar e confundir a cabeça de caras do dobro de seu tamanho. Com o tempo, sua influência no quartel se tornou maior e o que antes era um problema ser relacionado com o fato de ser um asiático me salvava de surras por sua causa. Eu conseguia perceber que ele me observava de longe, como se dissesse. Você me deve uma! Ainda vou cobrá-lo por isso. E assim o fez.
Depois de dois anos no exército Honjoong foi selecionado para cursar farmácia com uma bolsa de estudos paga pelo governo. Com sua ausência, era óbvio que as coisas ficariam pior para mim. Então eu refletia se deveria catar minhas economias até agora e só sumir.
Em uma noite antes da viagem de Honjoong, pela primeira vez ele bateu na porta do meu quarto! Foi a primeira vez em que falamos também, no dia. Ele chegou inquieto, suava frio e seu olhar estava perdido. Ele subiu a cabeça e me encarou. Sua respiração era ofegante.

ZONA 313 - YUNGIOnde histórias criam vida. Descubra agora