Lúcius Calmon

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A primeira vez que tenho um abraço em família e tudo isso é graças a Karolina que apesar de tudo que fiz com ela, ainda me perdoou e me aceitou na sua vida e na da Kamilla. Um pequeno sorriso se formou no canto do meu lábio, eu finalmente estava em paz.

Ela se afastou e desfez o abraço, com a cabeça um pouco baixa, limpou secretamente uma lágrima do rosto. No impulso, levantei a mão para limpar seu rosto lacrimejado, mas fechei o punho e abaixei de novo, fingi que não vi.

– Mamãe tem que ir agora, minha princesinha. – Ela disse com um sorriso falso no rosto.

– Mas, mamãe, o papai acordou, temos que ficar juntos hoje. – Kamilla falou com uma vozinha triste e fez um biquinho.

– Assim que acabar a reunião ficaremos juntos, tudo bem? – Ela perguntou e lançou um olhar preocupado na minha direção.

Kamilla me olhou sorrindo.

– Certo. – Falei olhando para a Kamilla.

Karolina saiu do quarto, ficamos só eu e minha menina, aproveitei para fazer cócegas nela, ela me contou tudo o que fez durante esses dois meses que fiquei desacordado, ri das suas travessuras.

– Minha princesa, papai vai ter que viajar por um tempo.

– Viajar? Para onde?

– Vou ajudar um amigo em uma missão.

– Posso ir com você? – Sorri com sua inocência.

– É perigoso. As pessoas estão doentes, vou ajudar a curá-las.

– Não, papai! Você pode ficar doente de novo. – Ela disse agarrando meu braço.

– Não se preocupe, estou forte agora. – Falei sorrindo.– Mais tarde chame sua mãe para jantar na cabana da floresta, vou preparar um jantar para nós três.

Ela concordou, em seguida uma babá apareceu para levar à escola.

Saí do quarto e fui direto à sala de reuniões que me informaram, olhei em volta do castelo e era tão claro, delicado e charmoso, havia toques vermelhos e pretos nas lacunas brancas, as paredes principais tinham pinturas de flores, florestas, lagos e a lua de sangue. O castelo não era cheio de ouros e pedras preciosas, mas era tão rico em detalhes e beleza que me fazia lembrar a Karolina, como se sua presença estivesse em todo canto, esse com certeza era seu castelo.

As pessoas caminhavam livremente, ex-escravos, lobisomens, vampiros, até os humanos que deixaram suas casas, vieram para cá em busca de uma vida menos opressora. Pela primeira vez na vida que vejo um monarca tão acolhedor, protetor e que detestava ver pessoas escravizadas, mesmo com a pressão de tanta gente, ela ainda se mantém firme na Lei Tâmara.

Cheguei ao corredor da sala que estava ocorrendo a reunião e quando passei por uma portinha, vi a responsável pelo sorriso no rosto das pessoas que esbarrei, ela estava sentada de cabeça baixa passando o polegar no bordado vermelho de um dos milhares de vestidos que mandei fazerem para ela. Tanta roupa, calçados e joias que guardei para entregá-la como dote no dia em que ela aceitasse ser minha Luna e se casasse comigo. Deixei metade de toda a riqueza da família Calmon e da minha que adquiri durante anos para a Karolina escondida no subsolo junto com os pertences da minha mãe, tudo que planejei para entregá-la, mas que nunca fiz isso. Eu havia planejado um futuro para nós três dentro da Tribo Calmon e fora dela, investi em propriedades em Valiska para a Karolina, queria levá-la para conhecer o mundo afora, já que ela passou a vida inteira nos limites da cabana que morava com seu tio e na minha aldeia.

Mas esses sonhos e planejamentos são inúteis agora.

Ela estava tão distraída que nem me viu chegar, estreitei meus olhos quando a vi triste, ainda não engoli o teatro daquele Bispo, quero matar todos que atacaram, que xingaram ou olharam feio para ela. Minha Karolina não merece isso.

Luz Dos Teus Olhos VermelhosOnde histórias criam vida. Descubra agora