No momento em que a Daiana parou de falar, ouvi um estrondo vindo debaixo do chão bem ao centro daquele pentagrama invertido feito de sangue. A terra começou a se mover e um buraco se abriu, de lá saiu garras pretas, deformadas e horríveis. Vi chifres saindo de dentro do buraco, em seguida de uma cabeça de bode, corpo de homem e patas também de bode, tudo negro, e um fedor de enxofre exalava nele. Gritos de tormento eram escutados vindos daquela coisa, e em segundos, ele ficou em pé com suas patas horrendas, olhando fixamente para a fêmea ajoelhada. A áurea daquele ser era a mais perversa que já senti na vida, ele era a maldade personificada e eu só conseguia sentir muito, muito medo. Até a Deusa ao meu lado, que a vejo como alguém divino e poderoso, estava paralisada com a presença dele.
– Não... se... mova... – Ela sussurrou com a voz trêmula. Meu corpo tremia todo, o coração faltava sair pela boca e eu prendi a respiração.
Não sei o que ele pode fazer se descobrir nossa presença, mas estamos vulneráveis e em perigo.
– Não chores, tu não estás mais sozinha. – Ele sussurrou e, surpreendentemente, sua voz era doce, encantadora e suave. A mãe ainda em lágrimas e ajoelhada levantou sua cabeça e o olhou nos olhos. – Minha querida Anealix.
Ele passou suas garras pela cabeça dela fazendo carinho.
– Por que me chamou? O que deseja de mim? – Sussurrava.
Ela o encarava, pensativa, então sussurrou uma palavra lentamente:
– Ex-tin-ção...
O Senhor das Trevas sorriu.
– O que me dará em troca?
– A alma do meu filho. – Ambos conversavam em voz baixa. Ele balançou a cabeça lentamente de um lado e para o outro.
– Ó minha querida... Não é o suficiente...
Ela suspirou em tristeza e baixou a cabeça. Suas garras segurou o queixo da Anealix e levantou a cabeça dela devagar.
– Sua alma também deverá me pertencer... – A besta com cabeça de bode sorriu.
– Eu aceito. – Ela concordou. Ele começou a rir com uma voz grotesca.
Ainda segurando o queixo da Anealix, ele abriu lentamente a boca dela, e cortou sua própria pele com a garra, o sangue que saia dele foi depositado na boca da fêmea, alimentando-a. Logo em seguida, o demônio agachou-se lentamente e tirou de dentro do buraco que foi feito no pentagrama, um livro.
A capa desse livro era feito de carne e pedaços de ossos pontudos por toda a extensão, ele a entregou.
A fêmea tentou abrir, mas não conseguiu, ele sorriu.
– Você precisa do meu sangue que agora corre em suas veias para abrir o Rituum.
Ela colocou a ponta do seu dedo em um dos ossos daquele livro e a perfurou, o sangue que manchou o osso do livro foi sugado, era como se o livro estivesse se alimentando, e automaticamente, ele foi aberto.
Ela viu as escritas e o olhou confusa.
– Minha querida Anealix, te dei meu sangue e o livro que contém todas as magias e rituais existentes, com ele você poderá fazer incontáveis atos, aprenda a controlá-lo, que o Rituum a servirá e assim seu desejo se tornará em realidade. Mas lembre-se: Nunca deixe alguém com poderes divinos possuí-lo, pois ele conseguirá ter acesso ao Rituum e se você não tiver aprendido a fazer os rituais, irá fracassar na sua jornada e quem o pegou poderá usar os feitiços contra você. Com isso, eu irei partir deixando o Rituum para trás, faça bom uso. – Ele sorriu quando disse a última frase.
Uma fumaça preta começou a surgir debaixo da besta e subindo pelo seu corpo, que estava desaparecendo, a fêmea parecia não conseguir mais vê-lo e focou sua atenção naquele livro, a cabeça de bode começou a dissipar na fumaça e um humano extremamente lindo tomou forma, seus cabelos ondulados eram loiros e na altura do peito, que agora não era mais negro e tinha um manto negro por cima. Quando ele já estava quase indo embora, de repente olhou para onde estávamos e deu um sorriso macabro no rosto.
– Você... – Disse sorrindo para a Deusa Daiana. Ela entrou em desespero, por um momento eu tive a certeza de que iríamos morrer ali.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Luz Dos Teus Olhos Vermelhos
Kurt AdamLivro II da Saga Lua de Sangue Livro I: A Suprema Alfa. Essa história conta a continuação do final do livro A Suprema Alfa. . "- Eu, Lúcius Calmon... - Meu peito doía tanto, fiquei sem ar, boquiaberto com aquilo, não entendia como o Lúcius poderia m...