Capítulo 10

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Ainda de joelhos na floresta, eu permanecia perdida em meus pensamentos, tenho que saber por onde começar, não posso mais ignorar os assuntos dos humanos, tenho que ir o quanto antes e principalmente, preciso preparar meu povo e ajudá-los a deter o futuro catastrófico de todos.

Olhei para minhas mãos brancas e unhas vermelhas.

– Se eu tenho esse poder divino, o que posso fazer com ele? Também consigo ter visões do passado e futuro como quando eu apareci para o Lúcius em sonho, mas como fiz aquilo?

E o Lúcius... Não consigo acreditar que ele me rejeitou porque não me ama, ele ama, eu sei que sim, mas preciso descobrir o motivo por trás de sua rejeição.

Suspirei.

Como eu precisava sentir seu abraço agora, passei tanto tempo acreditando que nunca mais o veria acordado, e agora com a ausência da Daiana me sinto mais sozinha ainda.

Não posso contar para ninguém as coisas que presenciei, as pessoas iriam achar que sou louca, mas preciso treiná-las e alertá-las contra um inimigo que só vi em visão, que presenciei sua vida e desgraças, pobre Anealix, sozinha nesse mundo em busca de vingança pela morte do seu filho e povo, ao menos eu tenho minha menina, minha Kamilla, não consigo imaginar a dor de perder um filho. Meu coração ficou apertado.

Levantei e caminhei em direção ao castelo atrás da Kamilla.

Os humanos que faziam a guarda ou quem não se acostumava com nossa vida noturna já estavam em pé caminhando e fazendo seus afazeres pelo castelo. Todos paravam e faziam uma reverência quando me viam, abrindo espaço. Tentei ser gentil o máximo que pude, mas são muitas pessoas então acabei passando direto sem falar muito.

Ao chegar no corredor dos aposentos, vi uma pessoa fumaçando de raiva parada em frente a porta do meu quarto.

– Onde você estava? – Maria Elena me perguntou furiosa e grogue, suas roupas estavam desgrenhadas e seu cabelo longo e liso todo bagunçado, parecia que tinha acabado de chegar de um campo de guerra.

Aproximei com cautela, mas não me lembro de ter feito nada contra ela.

– E-eu... Bem... Estava... ééé... – Tentei arrumar uma desculpa pelo meu desaparecimento.

– Não importa mais! Você me abandonou! – Ela disse de braços cruzados e batendo o pé.

A encarei confusa.

– Elena, você ficou na companhia do Natanael (Drakon).

– Não fala dessa besta quadrada!

Arregalei os olhos. Como assim besta quadrada? O que o coitado fez para ela? Não entendo esses dois.

– Ele te fez alguma coisa?

Ela fez cara de choro. Fiquei sem reação.

Elena me puxou pela mão e entrou no quarto em desespero.

– O que aconteceu? O que ele te fez? Eu vou matar o Natanael! – Como ele pode mexer com a minha amiga? Aquela besta quadrada!

– Karol... – Disse entre soluços. – Ele... Ele me seduziu... aaaaahhh...

Fiquei olhando para uma Elena esparramada na cama, eu estava perplexa.

De repente, comecei a ter uma crise de risos. Encurvei-me para frente enquanto segurava na minha barriga que já estava doendo de tanto rir.

A Elena olhava para mim furiosa, sentada na cama.

– Finalmente vocês transaram!

– Ka-Karool!

Luz Dos Teus Olhos VermelhosOnde histórias criam vida. Descubra agora