Karolina Stevens

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Algum tempo depois Felipe foi me chamar no lugar do Alec para partirmos, quando eu já estava entrando na carroça, o vi passar por mim, mas fingiu que não me viu. Ele realmente estava me evitando.

Encurvei meus ombros e baixei a cabeça entrando na carroça, era a primeira vez que tínhamos brigado e eu não gostei nada disso. Alec não merece passar por isso, ele merece ter uma companheira e família.

Peguei na minha barriga, imaginando o suposto filho que nunca tive.

– Seria um bom pai. – Sussurrei. Fechei os olhos e adormeci.

Acordei com o som da carroça parando, abri a cortina e já estava tudo escuro, a luz que vinha era das tochas acesas pelos soldados, não parecia que tínhamos chegado.

– Por que paramos? – Perguntei confusa para o Felipe que estava em cima do seu cavalo ao meu lado.

– Estamos no cruzamento entre Valiska e o Império, o Alfa escutou algo e foi averiguar.

– O que escutou? – Meu coração apetou, senti que tinha algo de errado.

– Um choro.

– O quê? Quem foi com ele? – Fiquei mais apreensiva.

– Ninguém, ele disse que não precisava, afinal é um Alfa. – Fechei a cara com a aquele comentário ridículo. Só por que é um Alfa não significa que não precisa de ajuda e proteção.

Saí da carroça apressada, nem esperei colocaram banquinho para descer.

– Suprema, aonde você vai?

– Atrás dele!

– Não precisa! – O encarei furiosa.

– Ele é seu Alfa! É seu dever segui-lo e protegê-lo!

Sem esperar pela sua resposta saí caminhando no rumo para onde ele foi. Lucas, Felipe e alguns soldados com tochas começaram a me seguir também.

Parei em frente a uma encruzilhada, havia dois caminhos, o lado esquerdo levava até Valiska e o direito ia em direção ao Império, porém essa estrada para o Império estava desativada, ninguém seguia mais por ali.

– Por que não utilizam mais essa estrada? – Perguntei para o Álvaro, amigo e braço direito de Natanael, ele veio conosco a mando de Drakon para cuidar e proteger Elena.

– Ela é amaldiçoada. – O vampiro magro e branco de olhos azuis falou com receio.

– Amaldiçoada? – O encarei incrédula. – Então por que você não impediu o Alec de entrar? – Perguntei emburrada. Como essas pessoas podem ser tão irresponsáveis desse jeito!?

– Eu não vi quando ele entrou, pensei que fosse averiguar algo da estrada dos humanos.

Balancei a cabeça ainda zangada.

– Vamos! – Ordenei para que todos viessem comigo atrás do Alec, mesmo com receito, Álvaro acabou me seguindo.

– ALEC!

– ALFA!

– ALEC, ONDE VOCÊ ESTÁ? – Gritávamos pelo seu nome enquanto caminhávamos por aquela estradinha que já estava sendo tomada pelo mato, dando sinais de que ninguém passava por ali.

Comecei a ficar ansiosa. Por que ele não responde?

– ALEEEEC! – Gritei o mais alto que pude. Todos colocaram as mãos nos ouvidos.

– Estou aqui. – Escutei a voz do Alec e o vi saindo das árvores. Suspirei aliviada.

– Por que não respondeu? – Falei com a cara emburrada.

– Por que estava tentando descobrir de onde vinha o choro. – Revirei os olhos.

– Essa estrada é amaldiçoada, sabia? – Falei.

– Ééé... já ouvi falar.

– Ouviu falar? Mesmo assim prefere vim se aventurar sozinho para descobrir quem está chorando em uma estrada assombrada?!

– São só boatos, Karolina. – Ele revirou os olhos, não dando importância.

Bufei, zangada.

– Vamos voltar. – Falei já me preparando para sair daquele lugar, tinha alguma coisa errada ali e eu podia sentir.

Todos me acompanharam, pois já estavam cansados e ainda tinham que seguir viagem.

– Me ajudem, por favor! – De repente, ouvi uma mulher pedir por ajuda. Todos pararam e olharam para trás, a estrada permanecia escura, mas a voz veio de lá.

Alec pegou a tocha da mão do Felipe e começou a caminhar em direção onde ouvimos aquela voz chorosa.

– Melhor ele não ir... – Álvaro falou para mim, alarmado.

– Alec, vamos voltar. – Dei dois passos e segurei seu braço, o impedindo de avançar.

Todos estavam tensos, exceto Alec, que acreditava ser alguém em apuros, e queria ajudar. Ele olhou para mim e o vi um pouco irritado.

– E se for alguém precisando de ajuda, Karolina? Devemos deixá-la aqui?

– O quê?

– Não sou seu companheiro que só pensa em si próprio. – Ele desvencilhou seu braço e começou a caminhar novamente, fiquei ali parada, perplexa com o que disse.

O grupo começou a avançar com ele, exceto por Álvaro e eu que ficamos parados com alguns soldados fazendo a guarda.

– O que é aquilo? – Lucas apontou o dedo para algo em uma árvore grande ao lado da estrada de terra.

Um pouco distante do Alec, havia uma mulher de costas apoiada na árvore com cabelos soltos e desgrenhados, ela estava chorando.

Alec foi se aproximando sozinho, o medo tomou conta de mim, comecei a caminhar com passos largos em direção a ele, mesmo que involuntariamente. Ele esticou o braço para pegar no ombro dessa mulher, tentando falar com ela.

Meu coração estava acelerado, segurei na minha espada já no ponto de desembainhar.

Comecei a ouvir sussurros vindos daquela mulher, palavras incongruentes.

Alec pousou a mão no ombro dela, a mulher virou-se lentamente e olhou para ele com um sorriso no rosto.

Ele estendeu sua mão para ajudá-la a se levantar.

Arfei quando vi seu rosto, a mulher já em pé tinha os olhos completamente negros, mas ninguém, exceto eu, conseguia enxergar. Em um ato desesperado corri na direção deles dois.

– ALEC, NAÃAAO! – O som do meu grito ecoou pela floresta, deixando todos atordoados à minha reação, àquela altura, todos acreditavam se tratar de uma mulher comum pedindo ajuda. Ainda segurando a mão dela, ele olhou para mim confuso.

E em fração de segundos, aquela mulher com os olhos vidrados no Alec disse:

– Junte-se a nós. – Ele franziu o cenho para ela e depois disso toda a calmaria se transformou em suspiros de pavor.

Paralisada, meus olhos se arregalaram quando vi a mulher atacando-o.

Luz Dos Teus Olhos VermelhosOnde histórias criam vida. Descubra agora