My information's just not going in.

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As horas correram, e depois de me obrigar a comer um hambúrguer inteiro até eu ter a sensação de que meu estômago estava cheio até a boca, e termos que assistir meus pais retornarem para comer seus pratos chiques, Johnny decidiu que talvez devêssemos dar um passeio no jardim no qual brincávamos. Ou melhor, eu brincava, e ele assistia, sentado no gramado sem poder se aproximar.

Era estranho mas muito verdadeiro, corria com medo de Johnny sempre que ele tentava se aproximar, mas ele nunca mais havia tentado, só ficava ali por perto, me encarando.

Com o passar dos anos, ele começou a fazer piadas, dizendo que meus castelos na caixa de areia do clube eram feios. Dizendo que eu jamais acertaria uma bola de tênis na vida, ou que minhas pernas eram tortas e por isso eu não podia brincar de pega pega com as outras crianças. Isso fez com que eu tivesse ainda mais receio de me aproximar.

Dizia todas essas coisas, mas sempre estava lá, do meu lado. Longe, porém perto.

— Você lembra de quando eu fui buscar a sua bola entre os galhos de roseira, e quando voltei joguei bem na sua cabeça? — ele pergunta, enquanto observamos o pequeno olho d'água que circundamos no largo jardim.

— Sim. Você voltou todo arranhado e a sua mãe teve que tirar um espinho da sua mão — eu digo, me recordando de ficar espiando enquanto Laura usava a pinça para pescar o espinho encarnado na mão de Johnny, ele, sentado no balcão da cozinha e urrando de dor.

Ele sorri de canto, e não diz mais nada, apenas continua andando na mesma velocidade que eu. Os minutos passaram, e de repente alguns dos garotos que vi ontem descem às escadas do prédio do clube fazendo bastante barulho.

Eles vestem seus ternos e tem copos de ponche nas mãos, estão rindo e se divertindo juntos. Um deles nos percebe e avisa os outros, e então todos eles vêm se aproximando de nós com uma abordagem menos gangue. Pareciam agora até verdadeiros cavalheiros, bons amigos curtindo uma noite agradável e familiar.

— E aí? — é um garoto de cabelo e sobrancelhas platinadas quem pergunta — Essa é Laura Weinberg? —

— Filha do Sid — Bobby diz.

— Filha do Sid... — o primeiro garoto repete em um tom de insinuação. Eu reconheço ele, é o maluco de capacete da noite anterior, e eu imediatamente percebi que ele é tão feio quanto parecia usando o capacete — Muito prazer —

Ele me estende a mão. Eu lhe entrego a minha. O garoto deixa seu beijo cortês sobre os meus dedos também, como todos nesse clube costumam fazer.

— Qual o seu nome? — pergunto, tentando parecer minimamente educada.

— Dutch, sou amigo do Johnny, princesa — diz com um sorrisinho malandro, me deixando ainda mais entediada e com uma pontada de desgosto. Olho para os outros garotos, percebendo que Bobby fica bastante próximo do outro, que ainda não conheço.

— E você?

Aponto para o único cujo não sei o nome, tomando agora um pouco mais de iniciativa pra que essa conversa deixe de ser sobre mim.

— Sou o Tommy — ele diz, me lançando um aceno contido de cabeça — É um prazer — Tommy é talvez o único desse grupo que não é um falastrão exibido, e em momento nenhum pareceu interessado em me investigar. Na verdade, ele mantém seus olhos bem longe de mim e só está acompanhando o resto.

— É um prazer conhecer vocês meninos — digo, sorrindo para todos de uma vez, e então os olho com atenção, como que analisando — Vocês todos lutam karatê? —

— Sim — respondem em coro.

Daí, uma ideia parece despontar em minha cabeça. Uma ideia que envolve me divertir às custas desses lutadores cheios de si. Eu desvio meus olhos espertos para Dutch, que me parece ser um pouquinho pior que Johnny no quesito exibicionismo. A pergunta vem praticamente montada em minha cabeça.

- BULLETPROOF.  (young johnny lawrence)Onde histórias criam vida. Descubra agora