The messages i've tried to sent.

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Acordei pela manhã, os raios de sol cruzando a janela quando minhas pálpebras se abriram. Eu me ergui em minha cama, dando de cara com Johnny Lawrence deitado no carpete do quarto.

Ele estava dormindo, encolhido e usando o próprio antebraço como travesseiro, com o braço cobrindo seus olhos. Que droga, eu nem pensei em lhe dar algo macio pra pôr na cabeça, mas também não imaginei que ele fosse preferir dormir no chão à ficar na poltrona.

Eu me espreguiço e bocejo, levanto e caminho silenciosamente pelo carpete, me sentando ao seu lado com cautela para não fazer barulho, mesmo que ele precise acordar e ir para um lugarais confortável. Toco seu ombro com a ponta dos dedos, tentando acordá-lo com delicadeza.

— Johnny... — chamo num sussurro. Ele não move nem um músculo — Johnny Lawrence... —

Aperto seu braço, cutuco suas costelas, nada funciona. Observo sua figura dormindo tranquila e pacífica, os cabelos bagunçados e os pés unidos, ainda calçados com o all star. Johnny não ronca, dormia como um lord mesmo estando largado no chão.

Decido então fazer um teste. Escorrego meu dedo indicador pela cartilagem de sua orelha, numa carícia suave. Johnny se remexe um pouco, mas não acorda, apenas tenta afastar minha mão por reflexo. De repente, tenho uma ideia. Enfio meu dedo indicador dentro de sua orelha.

É imediatamente, ele levanta num pulo assustado e arranca a minha mão de si.

— O que é isso?! — vocifera assustado se levantando e me lançando um olhar completamente espantado, mas o pico de adrenalina se desfaz ao me reconhecer  — Ah, é você. Por que fez isso? —

— Você dormiu a noite inteira no chão, é hora de ir dormir no seu quarto.

— Você teve algum pesadelo? — pergunta esfregando os olhos e se sustentando com o cotovelo no chão.

— Não — respondo pressionando os lábios, percebendo só agora que essa foi a primeira noite tranquila que tive nessa casa — Nenhum, dormi muito bem — lhe dou um pequeno sorriso agradecido, e ele balança a cabeça bocejando.

— Comigo aqui é realmente impossível pensar em coisas ruins.

(...)

Johnny teve que ir pra escola com suas três horas de sono, e ainda chegou atrasado e recebeu uma advertência. Foi tudo o que me contou enquanto amassava o pequeno papel e o atirava na lixeira da cozinha, isso na hora do almoço.

Eu conferi minha caixa de correio, e percebi que não havia nenhuma única carta ali, pelo menos nenhuma vinda da Alemanha. Era estranho, pois elas geralmente não demoram tantos dias para chegar, mas decidi manter a fé de que meus colegas me corresponderiam em breve.

O dia correu, e já era por volta das seis da tarde quando nós dois, eu e Lawrence, nos encontramos na cozinha de novo. Ele estava preparando um balde de pipoca enorme para si mesmo, e eu ia perguntar o que ele pretendia fazer agora - sabendo que provavelmente ia assistir um filme -, mas antes que eu pudesse, fomos imediatamente interrompidos por Laura.

— Crianças, vamos ao Encino Oaks, se arrumem. Seu pai já está chegando para nos buscar — ela diz tensa, e alisando o próprio vestido. Ela já parece pronta.

Eu olho para Lawrence, sem camisa, o cabelo desgrenhado com um balde enorme de pipoca quente nas mãos. Ele encarava sua mãe com um desânimo visível, mas não protesta ou diz coisa alguma, e então, parece perceber que eu o observava e desvia seus olhos para mim.

Dá de ombros, e eu dou de ombros em resposta. Não trocamos uma única palavra. Laura sai andando e nós ouvimos seus saltos apressados indo para o andar de cima.

- BULLETPROOF.  (young johnny lawrence)Onde histórias criam vida. Descubra agora