Era noite, e eu resolvi que talvez fosse um bom momento para fazer parte dos planos de Johnny, pelo menos esta noite.- Eu quero ir com vocês - digo, parada na escada.
Todos os rapazes imediatamente se voltam para mim, meio sem reação, inclusive Johnny, que estava amarrando a faixa na testa. Leva alguns segundos para que ele então me direcione um olhar discreto de súplica.
Eu tento ignorar e desvio os olhos, mas ele vem até mim, parando dois degraus abaixo de onde eu estava parada, me deixando um tanto mais alta.
- Lilly, não é um passeio pra garotas - ele resmunga num sussurro, tentando arduamente não soar de um jeito que iria me ofender ou parecer que estava me desprezando.
- Mas eu não me importo, eu ia adorar ir com vocês, por favor, você mesmo disse que eu quase não saio de casa... - peço, olhando em seus olhos de cima. Tendo a visão de Johnny Lawrence precisando erguer o queixo para me fitar.
Ele me toca, suas palmas encontram as minhas de forma discreta.
- Por favor... Você pode me esperar no meu quarto se quiser, esqueça aquilo, eu vou ajudar você a dormir - ele diz suave, com uma voz tão macia quanto suas mãos segurando as minhas, roçando os seus dedos grandes nos meus dedos, menores e frágeis, de um jeito doce e singelo.
- Eu não quero ficar aqui... - eu sussurro, olhando no fundo dos olhos dele, azuis e gentis, mesmo assim irredutíveis - Por favor, Johnny - uno as sobrancelhas, meio chateada.
Mas algo nos interrompe nessa conversa aos cochichos.
- Cof cof... Johnny, a gente vai sair hoje ou a sua irmãzinha vai te prender aqui, cara? - Dutch diz, falando alto o suficiente para a voz ecoar na sala inteira. Johnny fica imediatamente tenso.
- Ela não é minha irmã! - Johnny se vira meio aborrecido e repreende Dutch, num sobressalto meio agressivo. Mas logo volta a prestar atenção em mim e a falar baixo e contido, com cuidado - Lilly, o seu pai iria enlouquecer se soubesse que eu levei você para a praia tarde da noite -
- Ele nem se importa comigo, Johnny. O velho nem me deu boas vindas - eu digo aborrecida, tirando minhas mãos do enlaço das dele. E então cruzo os braços.
- Por favor, princesa... - um arrepio percorre violentamente o meu corpo ao ouvi-lo sussurrar, chamando-me de "princesa", mas estou magoada demais para interpretar o que seria aquele súbito calor que senti vigorar em mim - Eu levo você até o meu quarto, e você pode ficar com o meu walkman e com os meus quadrinhos da Mulher Maravilha - Johnny pega no bolso da jaqueta o seu fone e o walkman. Ele segura uma das minhas mãos e repousa o aparelho sobre ela. Me lançando um olhar de confiança.
- Johnny... - resmungo, já me dando por vencida.
- Vem, vamos destrancar o quarto.
Ele segura meu braço com gentileza, guiando-me para subir os degraus de novo. Eu apenas o acompanho e deixo que me leve consigo de volta para o andar de cima, andamos juntos, em silêncio. Quando paramos na porta de seu quarto, ele pesca a chave no bolso da casa e o destranca, girando a maçaneta.
Talvez ele tenha me ganhado pela curiosidade, eu nunca vi o quarto dele muito além da porta azul.
Ele abre a porta, e me dá passagem para entrar. Eu obedeço, vendo pela primeira vez as centenas de posters de rock que Johnny tem em suas paredes, uma caixa de som na escrivaninha, e tantos discos de vinil em um caixote que eu mal posso contar. Sua cama está arrumada, e incrivelmente, tudo parece muito organizado.
- Seu quarto se parece com você... - eu resmungo, me sentando sobre a cama dele com o walkman entre as mãos, repousadas sobre minhas coxas, um pouco surpresa, mas ainda assim magoada.
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- BULLETPROOF. (young johnny lawrence)
Fanfiction"Estive lá, fiz isso, vadiei por aí Eu estou me divertindo, não me deixe pra baixo Eu nunca vou deixar você Tirar meus pés do chão" Lawrence sempre foi um garotinho medíocre, e meio medroso, dizia bobagens e me perturbava, mas não tinha coragem de c...