"Nesse parque sobre o qual a Lua já passou" - scenery, V.
THEO
Odeio hospitais. Eles tem esse ar mórbido e melancólico. Consigo sentir as almas que já passaram por aqui me atravessando toda vez que entro no consultório do Dr. Edgar.
— É normal você sentir esse mal estar de vez em quando, tome os remédios que ajudará a diminuir. — Foi o que ele disse ontem, quando cheguei em sua salinha deprimente ao lado do meu irmão.
Foi só um susto. Ainda não chegou minha hora.
Eu disse isso a todos eles, porque sabia que esse pensamento passou pela cabeça deles. Mel ficou tão preocupada quando soube do meu mal estar. Pela sua expressão no jantar de ontem a noite, tenho certeza que ela chorou no colo do meu pai quando estavam a sós. Porque eu ouvi.
Você deve estar se perguntando o que eu disse a Oli. Simples: absolutamente nada.
Eu sei que é errado esconder isso dele, mas não quero que ele saiba. Provavelmente, ele se afastaria. Doeria se ele fizesse isso. Por isso não contei e nem irei contar. Oli me entenderia, não é?
Conversar com ele depois de passar o dia fazendo exames e tomando remédio intravenoso foi como um refúgio. Oli me faz esquecer da minha doença. Quando ele está perto, não existe nada de ruim no mundo. Só eu, ouvindo as suas esquisitices, e ele, comentando sobre alguma aleatoriedade, enquanto eu só posso pensar no quanto ele fica fofo falando sobre isso.
Por isso não quero contar a ele. Iria estragar tudo. Não quero estragar tudo.
— Theo! — A voz de Oli me despertou. Olhei para o lado e lá estava ele, sorrindo adoravelmente. — Você fica engraçado quando está assim, olhando para o nada mas pensando em tudo.
Sorri.
— Já ouvi isso antes.
— O que faz parado aqui, no meio do corredor?
— Ah... — minhas bochechas esquentaram. — Estava te esperando.
Ele sorri, franzindo o nariz levemente.
— Jura? — Ele perguntou e eu falei que sim. Ele sorriu mais. — Vamos almoçar. Quero que conheça alguém.
Ainda sentindo uma queimação no rosto, segui Oli até o refeitório, perguntando-me quem ele iria me apresentar. De repente, veio na minha cabeça a possibilidade de ser... uma... namorada. Com essa hipótese em mente, senti um gosto ruim surgir embaixo da língua.
Oli me puxou para perto de uma mesa onde estavam dois garotos. Um deles me encarou com uma cara nada boa. Já o outro, transmitiu bondade só com um olhar.
— Theo, esse é o Liam. — disse Oli, apontando para o rabugento. — Ele é o Matt, namorado dele.
Acho que senti um peso desmontar das minhas costas. Sorri amigavelmente.
— Prazer. — eu disse, realmente feliz em vê-los. O rabugento... digo, Liam, não tirou sua expressão desgostosa nem mesmo depois de eu me apresentar. Será que é minha roupa?
— Seja legal, Liam. — Matt disse, ainda sorrindo, dando uma cotovelada nele. Liam deu um sorriso forçado. Não vou ter nada melhor que isso, aparentemente.
— Acho que devia conhecer meus amigos também, Oli. — eu disse, ansioso para saber o que ele acharia de Ethan e Chris.
Enquanto esperava os dois aparecerem depois de mandar mensagem, pude conhecer um pouco de Liam e Matt. Eles são um casal inusitado. Liam é rabugento e fechado, não sorri muito. Já Matt, é uma borboleta social. Tem o sorriso frouxo e me fez sentir confortável o tempo todo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
até o último suspiro - versão 2
RomanceSEGUNDA VERSÃO DA FANFIC ATÉ O ÚLTIMO SUSPIRO Theo nunca foi o tipo de garoto que aproveitava a vida da maneira que devia. Acomodou-se tendo poucos amigos e uma família unida o suficiente para fazê-lo se sentir amado. Então, quando seus dias passam...