Capítulo 18

7 3 28
                                    



"Eu esperei centenas de anos, mas eu esperaria mais um milhão de anos por você, nada me preparou para o que o privilégio de ser seu faria"

- Turning page, sleeping at last.


THEO

Aniversários. São dias alegres que as pessoas aproveitam para comemorar com quem amam uma data que pode ser considerada especial. Mais um ano de vida. Ou seria menos um ano de vida?

Para mim, hoje é algo assim. Apenas menos um dia, o que me leva cada vez mais próximo à data da minha morte. Veja só, também pode ser o último aniversário em que vou poder pensar em comemorar. Isso não é assustador?

Como eu poderia ficar animado em comemorar essa data? Mesmo que eu ficasse, eu não conseguiria demonstrar muito, porque estou ficando cada vez com menos energia. A dor me acompanha como uma sombra obscura, tocando em meu ombro e se fazendo presente a todo momento.

Os remédios não dão mais efeito algum. Era como tomar placebo. Uma enganação sem fim.

Não sei como confortá-los. Deve ser perceptível que estou ficando fraco, e eu queria confortá-los e dizer que tudo ia ficar bem, mas receio que não vá ficar tudo bem. Talvez fique, mas não tenho forças para pensar nisso.

Oli se recuperou bem depois do acidente, consideravelmente rápido. Ele continua me visitando mesmo depois de ter tido alta. Nossas conversas se tornaram curtas depois do que eu disse naquele dia, sobre não querer aquela cirurgia estúpida. Acho que ele ainda está sentido com isso. Eu o entendo, mas também queria que ele me entendesse.

Acho que nossas conversas se tornaram curtas porque parece que ele está sempre se contendo quando está perto de mim. Como se ele fosse explodir a qualquer momento se trocasse muitas palavras comigo.

Que droga. Isso é uma droga. Carregar esse peso de ser o motivo de tristeza nas pessoas é uma coisa brutal. Essa era a última coisa que eu queria para eles, principalmente para Oli. Porque ele é tudo para mim, e vê-lo assim, sem chão, é devastador.

Eu esperei tanto por alguém como ele. Na verdade, acho que eu nem sabia que esperava alguém como ele para mim. Ele só apareceu na minha frente e foi tudo o que eu mais queria no mundo, mesmo eu não fazendo ideia do que eu queria da vida.

Os maiores e melhores amores aparecem assim na nossa vida. Brotam na sua frente quando você menos espera, e te dá tudo. Tudo mesmo. Segurança, carinho e cachinhos dourados. Eu não via o amor de outra forma senão essa.

Foi só eu pensar no amor que o dono dos cachinhos dourados mais adoráveis apareceu na minha frente, sorrindo de orelha a orelha, segurando um bolo redondo e cheio de confetes coloridos. Para mim, só havia ele na minha frente, cantando aquela canção brega enquanto tentava equilibrar o bolo em cima das duas mãos, porque ele tendia a ser um pouco desastrado às vezes.

Sentindo que um sorriso esboçava no canto da minha boca, me dei conta de que mais um item da minha lista imaginária estava completo.

Descobrir o amor com Oli.

E eu descobri.

Descobri um tesouro raro, daqueles que nem seguindo um mapa você consegue encontrar. Mas eu encontrei. E a sensação é tão boa que acho que se aproxima àquela sensação de autorrealização. Eu venci na vida. Só porque encontrei o garoto dos cachinhos dourados.

O meu garoto dos cachinhos dourados.


•••

até o último suspiro - versão 2Onde histórias criam vida. Descubra agora