Capítulo 8

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"onde as pessoas são leves, onde as pessoas são estrelas" - mikrokosmos, bts


THEO

Dava para ver o céu nublado da janela da cozinha. As árvores dançavam com o vento, que cheirava à chuva. Apoiando-me na pia, aquela vista me distraiu do mal-estar insuportável que estava sentindo naquele momento.

Meu celular estava vibrando com as mensagens de Oli a manhã toda. Era sábado e tínhamos combinado de sair para ver uma apresentação de uns mágicos fajutos no nosso parque favorito, junto dos amigos dele. Contudo, prevejo que teria que desmarcar. Droga.

— Theo? Tudo bem? — Sam entrou na cozinha.

— O que você acha? — Engoli a vontade absurda de vomitar que cresceu de repente.

— Tomou seus remédios? — Sam parou ao meu lado e colocou a mão em meu ombro, olhando-me com cuidado.

— Me esqueci... — murmurei, respirando alto, sentindo as pernas bambas.

Sam percebeu minha piora e me guiou até a cadeira mais próxima. O mundo começou a girar para mim.

— Theo — a voz de Sam vinha de algum lugar. — tome.

Ele colocou os comprimidos em uma mão e o copo com água na outra. Bebi tudo num gole esperançoso de que eu ficasse completamente curado daquela porcaria. Mas não era tão simples assim.

Sentindo os afagos de Sam em meu ombro, eu esperava o efeito dos remédios darem as caras, para que eu possa, enfim, ver Oli.

— Acho melhor não sair hoje, Theo. — Sam disse. Neguei com a cabeça.

— Por que?

— Você está mal. E se piorar?

— Não vou piorar.

— Theo...

— Sam!

— Está bem!

Suspirei, sentindo uma onda de paz me atingir suavemente, como um beijo de uma brisa gélida e constante.

Sam puxou uma cadeira debaixo da mesa e sentou ao meu lado, me observando com seus olhos pequenos e expressivos.

— O que foi? — Perguntei, sabendo que ele tinha algo a dizer. — Desembucha.

— Você vai me odiar quando ouvir isso, mas... — Sam murmurou, olhando para baixo. — Não acho que deva sair tanto com Oliver.

Sem entender, franzi as sobrancelhas.

— O que?

Sam suspirou, pressionando os lábios fortemente.

— Theo, é que... me parece que você não se importa com mais nada que não seja ele. Até esqueceu de tomar os remédios e aposto que foi pela ansiedade de sair com ele tomando conta de você.

Sam devia estar guardando aquilo por muito tempo. Mas ele estava errado.

— Não me entenda mal, Theo. Só quero que se cuide... você é meu irmãozinho. — Sam segredou.

— Temos a mesma idade, Sammy. 

— Não importa. — ele sorriu. — Acho uma doçura quando você me chama assim. Sammy.

Empurrei sua cara para longe quando percebi seu sorrisinho sugestivo.

— Ah, qual é! — Exclamei, rindo um pouco por ouvir sua risada.

até o último suspiro - versão 2Onde histórias criam vida. Descubra agora