até o último suspiro - versão 2

Capítulo 12

"Não pense em nada,

não diga uma palavra.

Apenas sorria para mim."

- bts, butterfly.

THEO

— Precisamos ter uma conversa séria, Theo.

Foi o que o Dr. Edgar disse ao chegar naquela manhã no meu quarto, sustentando um semblante impassível por trás dos óculos.

Eu já esperava que ele chegasse em mim com essa fala, não sou idiota para não perceber o que está acontecendo. Ou o que não está acontecendo.

— Diga, doutor. — eu disse com preguiça, a cabeça encostada no travesseiro. Os remédios me deixam mole.

— Eu estive pesquisando muito sobre o seu caso. — ele começou, puxando a poltrona para sentar-se próximo a mim. — Queria achar uma saída para você, porque você é jovem e merece mais tempo de vida.

Ele entrou num silêncio curto, o qual já sentenciava onde ele queria chegar.

— Mas você não achou nada, não é? — Murmurei, enrolando o lençol entre os dedos, atento ao tecido branco dançando em meus dedos.

— Na verdade, eu achei, sim.

Aquilo me despertou. Toda a morfina que me deixava mole sumiu instantaneamente do meu sangue.

— O que? — Desencostei do travesseiro, olhando-o com os olhos esbugalhados.

Ele quase sorriu pelo canto da boca, mas se conteve.

— Há um centro especializado em micro cirurgias neurológicas, e eles fazem especificamente para o seu caso. — Dr. Edgar falou, tirando os óculos do rosto e pondo no bolso do jaleco. — O centro John's Hopkins. Muito renomados, sabem o que fazem.

Engoli em seco, meu coração disparado contra o peito.

— O que isso significa? — Eu já não aguentava mais tantos rodeios.

— Que há uma saída. — ele balbuciou, olhando-me com cautela. — Podemos retirar o seu tumor.

Um suspiro escapou dos meus lábios, um quase sorriso erguendo o canto da minha boca. Contudo, sentia que Dr. Edgar ainda tinha o que falar.

— Mas...?

— Retirar seu tumor pode gerar complicações. — ele trocou as pernas cruzadas, inclinando-se em minha direção. — É muito arriscado, considerando o local em que está alojado.

Meu coração ainda dava pulos dentro do meu peito.

— Conversei com um médico do centro e, pelo que ele me disse, a cirurgia pode, sim, te salvar. — Dr. Edgar torceu o canto da boca levemente. — Mas... a possibilidade de você não andar mais é muito grande.

Um peso esmagou meu estômago nesse momento, fazendo-me suspirar pesado. Olhei-o com a respiração ofegante.

— Por que está dizendo isso só para mim? Meus pais não deviam saber? — Estranhei a maneira em que ele me deu essa notícia. Se havia uma saída, minha família devia saber.

Ele ponderou no que dizer em seguida.

— É uma decisão muito séria, Theo. — ele disse. — Só você pode decidir o próprio destino, sem influência da sua família. Você é maior de idade, afinal.