Capítulo 14

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"Pode ser tão doce, pode ser tão amargo, vou te amar de qualquer maneira"

- It'll be okay, Shawn Mendes.


THEO

Faz um tempo que não escrevo. Seja frases aleatórias ou algum poema. Deve ser porque tenho estado muito... não sei. Não sei como me sinto, não sei se quero morrer, se quero viver, se quero um chocolate. Não sei de nada. Cheguei em um momento da minha vida em que nada mais faz sentido, só estou existindo, esperando que minha hora chegue. Isso é deprimente.

Olhei para o meu caderno, aberto em uma página lisa e branca, apenas esperando que eu abrisse meu coração e despejasse tudo o que me assombrava.

Suspirei, um mundaréu de coisas invadindo minha cabeça.

De certa forma inspirado, escrevi:

"Sinto muito, meu pequeno príncipe.

Sua rosa não é mais a mesma.

Consumida por sangue e dor, deixará esse mundo

sem esperanças."

— Theo? — Alguém interrompe meu momento. Era Chris, parado na porta, com os ombros tensos.

Fechei o caderno surrado e o coloquei debaixo do lençol, mantendo o olhar baixo enquanto ouvia os passos de Chris se aproximando.

— Tudo bem? — Chris perguntou algo que me fez revirar os olhos, mas não deixei que ele percebesse.

— Tudo.

— Oliver está preocupado com você. — Chris murmurou. — Teve um ataque de pânico depois do... incidente.

Fiquei calado, mordendo o lábio com força, ainda sem olhá-lo. Era difícil admitir em voz alta que me sinto culpado por querer ter ficado morto. E está aí o porquê. Oli sofreu com a ideia de quase me perder. Eu só o faço sofrer. Se eu tivesse morrido, seria melhor. Tiraria esse peso de todos que me amam.

— Theo, fale comigo. Por favor. — A súplica na voz de Chris me fez fechar os olhos brevemente, sentindo-me ainda mais culpado.

— O que quer que eu fale?

— Qualquer coisa.

Respirei fundo, erguendo o olhar para ele. Chris parecia cansado. Os olhos caídos e fundos pela falta de sono, os lábios secos.

— Me desculpe, Chris. — Murmurei, maltratando o lábio de forma nervosa.

— Pelo que, Theo?

— Por... — não terminei a frase, dando de ombros. Chris entendeu.

Ele suspirou, provavelmente me achando um idiota.

— Theo, não faça isso, por favor. Por que se culpa tanto?

Dei de ombros outra vez, odiando o rumo que essa conversa estava tomando.

— Me diga, Theo.

— Porque eu odeio ser um peso na vida das pessoas! É por isso!

— Você não é um peso! — Chris levantou a voz também, mantendo a firmeza.

— Sou e você sabe! Era mais fácil eu ter morrido logo, assim isso acabava de uma vez. — encostei nos travesseiros com força, cruzando os braços e virando o rosto.

Chris ficou calado, talvez concordando com o que eu disse, massageando o ossinho do nariz com os lábios franzidos.

— Você não entende, não é? — Chris começou — Te amar não é um peso. Nunca foi. Você devia saber. Quantas vezes não leu aquela frase naquele livro que gosta tanto? Corremos o risco de chorar um pouco, se permitirmos que nos conquistem. Sabe por que eu sei de cor, Theo? Porque eu sempre concordei em ler esse livro inúmeras vezes só por causa de você. Porque eu te odeio? Não! Porque eu te amo e quero te ver feliz. Entenda isso de uma vez por todas.

até o último suspiro - versão 2Onde histórias criam vida. Descubra agora